Título: Bradesco ganha R$ 352 mi com venda de ações da Visa
Autor: Júnio , Altamiro Silva
Fonte: Valor Econômico, 04/04/2008, Finanças, p. C3

Segundo Milton Vargas, do Bradesco, banco tem mais US$ 163 milhões da Visa A abertura de capital da Visa, que movimentou US$ 17,86 bilhões, vai ajudar a melhorar o resultado dos bancos brasileiros, que agora viraram acionistas da bandeira. O Bradesco anunciou ontem que vai receber R$ 352 milhões, que serão contabilizados como ganhos extras no balanço do primeiro trimestre.

Os R$ 352 milhões vieram da participação do banco na Visa e, indiretamente, da participação da Visanet (a empresa que credencia estabelecimentos comerciais para aceitarem os cartões Visa), informa Milton Vargas, vice-presidente do banco. O Bradesco tem 40% da Visanet. Do total recebido pelo Bradesco, metade veio das ações do banco e metade da fatia da Visanet.

A abertura de capital da Visa foi foi semelhante à da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ocorreu uma desmutualização, na qual a empresa deixou de ser um associação entre os bancos mundiais. Com isso, os bancos emissores dos cartões se tornaram acionistas da bandeira. Como são vários bancos mundiais, as participações individuais não chegam a ser significativas (exceção aos americanos Bank of America e JP Morgan).

O mercado estima que os bancos da América Latina têm juntos menos de 3% do capital total. No Brasil, além do Bradesco, o Banco do Brasil e o Banco Real são os que possuem maior fatia da bandeira. O mercado estima que o BB deve receber por volta de R$ 350 milhões e o Real cerca da metade deste valor, incluindo as fatias que estes dois bancos têm na Visanet. O BB tem 32%.

A oferta pública da Visa também pode gerar ganhos futuros. Além deste dinheiro, o Bradesco tem um lucro não realizado de US$ 163 milhões. A razão é que ainda ficou com 3,7 milhões de ações da Visa na carteira, que pelas regras do IPO, só podem ser vendidas daqui a três anos.

Ao preço de venda na abertura de capital, de US$ 44, daria os US$ 163 milhões. Mas o papel já subiu consideravelmente. Ontem, estava em US$ 62. Segundo Vargas, este ganho vai passar a compor o outros lucros não realizados do Bradesco, que em dezembro somavam R$ 4,7 bilhões, isso sem incluir as participações na Visanet e na Serasa.

O IPO da Visa foi o maior já feita nos Estados Unidos e o segundo maior do mundo, perdendo apenas para o Banco da China.