Título: Consumo de alumínio bate recorde em 2007
Autor: Manechini, Guilherme
Fonte: Valor Econômico, 03/04/2008, Empresas, p. B8

O consumo de alumínio no mercado nacional bateu o quarto recorde consecutivo no ano passado, ao crescer 9,7% e atingir a marca de 918,9 mil toneladas. Impulsionada pelo aumento de renda da população, a utilização do metal no país deverá registrar nova marca histórica neste ano. Os pilares da previsão são os setores de embalagens, transportes, eletricidade e construção civil.

Conforme estimativa da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), o consumo em 2008 será de no mínimo 1,028 milhão de toneladas, o que representará uma evolução de 11,9% sobre o ano passado. No início do ano, a entidade imaginava chegar a marca de um milhão de toneladas, mas os dados de crescimento do país divulgados no primeiro trimestre fizeram a Abal acrescentar mais 28 mil toneladas à meta. Segundo Luis Carlos Loureiro Filho, presidente da associação e diretor de vendas da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), novas revisões poderão vir, já que o consumo previsto leva em consideração um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,6%.

"Com base nos indicadores apresentados neste ano, o PIB só será de 4,6% se houver desaceleração nos próximos trimestres", afirma. O executivo prevê ainda que o Brasil deverá passar da nona para a sétima colocação no consumo mundial de alumínio até 2009, ultrapassando a Espanha e Canadá no ranking. No ano passado, o setor de embalagens utilizou 274,1 mil toneladas de alumínio (13,9% mais que em 2007), transportes 238,5 mil (11,9%), construção civil 105,8 mil (11,1%) e eletricidade 90,7 mil (baixa de 11,9%).

Assim como ocorre em outros setores produtivos do país, as exportações ficaram praticamente estagnadas em 2007, com leve recuo de 0,4%, enquanto que as importações cresceram 49,5%. No total, foram importados US$ 934 milhões e exportados US$ 4,8 bilhões, com saldo positivo de US$ 3,8 bilhões no período.

Na opinião de Loureiro, o aumento das importações não está relacionado à ausência de alumínio no mercado interno, mas ao câmbio desfavorável. "Em cinco anos deixaremos de ser superavitários", diz. A previsão da Abal para este ano é de um aumento de 7,7% nas importações e baixa de 5,1% nas exportações.

Sobre novos investimentos, Loureiro informou que ampliações de capacidades dependem da disponibilidade de energia a um custo acessível, no caso a gerada por hidrelétricas, e melhorias na estrutura logística do país. "Quando as usinas de Belo Monte e do Madeira estiverem prontas, surgirão novas plantas de produção".

O custo de energia, principalmente no mercado livre, irá reduzir neste ano as produções da Valesul e Novelis, em 7,2% e 21,4%, respectivamente. Assim, os volumes produzidos serão de 87 mil e 84 mil toneladas. As estimativas da entidade são de que a Albras produza 458,3 mil toneladas (-0,2%), Alcoa 365,8 mil (0,1%), BHP Billiton 180,3 mil (0,8%) e CBA 475 mil (5,3%).

Em relação aos preços do alumínio na Bolsa de Metais de Londres (LME na sigla em inglês), o executivo acredita que a tendência é ficar acima dos US$ 3 mil por tonelada. "No patamar de US$ 2,4 mil, o preço fica muito próximo ao custo de produção. Isso sem contar a demanda oriunda da China, que consome cerca de 11 milhões de toneladas por ano", afirma.