Título: Lula descarta aumento de superávit primário
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 03/04/2008, Brasil, p. A3

As propostas para aumentar o superávit primário das contas do setor público foram rejeitadas com veemência pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em rápida e tumultuada conversa com jornalistas, ao sair do almoço oferecido ontem no Palácio do Itamaraty ao presidente da Eslovênia, Danilo Türk. "Superávit não, de forma alguma", garantiu Lula ao deixar o local do almoço.

Minutos antes, ao lhe pedirem um relato da reunião que havia mantido de manhã com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meireles, Lula sorriu e recusou-se a falar. "Esse é o tipo de conversa que não dá para falar nada mesmo", comentou, rindo.

O aumento do superávit nas contas do governo tem sido defendido no Ministério da Fazenda como uma maneira de reduzir as pressões sobre a economia e evitar, assim, que o Comitê de Política Monetária (Copom) concretize a ameaça de aumento dos juros no país.

As últimas tentativas de Mantega para criar alternativas aos juros como instrumento de controle do ritmo de atividade da economia fracassaram logo após sua divulgação, pelo ministro ou por assessores.

Em março, Mantega revelou ao colunista Merval Pereira, de "O Globo", que cogitava criar restrições pontuais ao crédito para o consumidor, em setores como o automobilístico. A medida sofreu forte rejeição no governo e na iniciativa privada e foi suspensa pelo ministro. Antes, após a derrubada da CPMF pelo Congresso, o ministro anunciou que recriaria um imposto para financiar gastos de saúde e foi desautorizado por Lula.