Título: Importações têm forte alta e saldo comercial cai 66,9% no 1º trimestre
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 02/04/2008, Brasil, p. A2

Influenciada pelo forte ritmo de crescimento das importações, a balança comercial teve saldo de apenas US$ 1,01 bilhão em março, resultado que significa redução de 66,3% sobre março do ano passado se forem consideradas as médias diárias. No primeiro trimestre, o saldo acumulado é de US$ 2,83 bilhões e representa redução de 66,9% em relação ao mesmo período em 2007. É o menor saldo comercial do primeiro trimestre desde 2002.

No mês passado, as exportações alcançaram US$ 12,61 bilhões e, pelas médias diárias, o aumento foi de 7,6% sobre as vendas de março do ano passado. Ritmo de elevação muito maior - 33,2% - foi verificado nas importações, cujo valor foi de US$ 11,6 bilhões em março.

De janeiro a março, a média diária das exportações é 15,6% maior que a do primeiro trimestre de 2007 e o resultado acumulado é de US$ 38,69 bilhões neste ano. No lado das importações, o salto nos três primeiros meses foi de 44,1% e o valor das compras chegou a US$ 35,85 bilhões.

Apesar do expressivo crescimento das importações, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, afirmou que o governo mantém a meta de exportar US$ 180 bilhões este ano. Segundo ele, os embarques de soja ainda não foram relevantes e há projeções de aumentos nas exportações de derivados do petróleo, minério de ferro e das demais safras. No ano passado, as vendas externas foram de US$ 160,65 bilhões.

Depois de alcançar o pico em 2006 (US$ 46,45 bilhões), o saldo comercial vem caindo pela "competitividade sistêmica" da economia brasileira e pelo câmbio valorizado. Barral admitiu que isso preocupa o governo e, segundo ele, vêm sendo adotadas medidas como, por exemplo, a retirada do IOF sobre exportações e o fim da cobertura cambial nas vendas externas. "O dólar parou de cair. O que teria ocorrido sem essas medidas?", disse.

Na argumentação do secretário, as exportações para os EUA, considerando as médias diárias no primeiro trimestre, aumentaram 4,8% Em março, houve queda de 0,5% dos embarques para o mercado americano. Para a Argentina, importante destino dos produtos brasileiros, o crescimento das vendas foi de 40,4% nos três primeiros meses do ano. O principal sócio do Brasil no Mercosul aumentou as compras de veículos, autopeças, máquinas agrícolas, motores para veículos, eletroeletrônicos, refrigeradores e resinas plásticas. As exportações para a China, no primeiro trimestre, cresceram 10,8%.

Analisando as importações de janeiro a março, Barral comentou que o aumento do consumo interno e a renovação do parque industrial impulsionaram os aumentos das compras de bens de capital (69,7%) e de bens de consumo (32,4%). Também houve expressivo crescimento de importações, no primeiro trimestre, de acessórios para maquinário industrial (349%), automóveis (76,6%), combustíveis e lubrificantes (70,2%) e bens de consumo duráveis (54,1%).

Na análise da origem das importações no primeiro trimestre, as médias diárias da China tiveram salto de 72,9%. Também foram relevantes o crescimento de compras de produtos da Argentina (46,6%), União Européia (39,4%), EUA (32,2%), Europa Oriental (109,3%) e Oriente Médio (102,9%).