Título: Quem pode exportar à UE recebe prêmio de até 17%
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Fonte: Valor Econômico, 03/04/2008, Agronegócios, p. B16

Os bovinos das fazendas certificadas para exportar à União Européia estão recebendo prêmios entre 10% e 17% sobre o valor de mercado. Na quarta-feira passada, o frigorífico Independência fez o primeiro abate de bois destinado ao bloco em sua unidade de Janaúba, no norte de Minas Gerais, depois que as restrições da UE à carne brasileira começaram.

Segundo o diretor-comercial do Independência, André Skirmunt, o lote de 429 animais, comprado num raio de 100 quilômetros do frigorífico, foi negociado por entre R$ 74 e R$ 75 a arroba. Ele afirmou que o ágio sobre o valor de mercado na região norte de Minas foi de 10%.

Skirmunt admite que pode haver inflação nesse mercado "porque todo mundo está correndo atrás" de animais para abate.

Fontes do setor afirmam que no região do Triângulo Mineiro um frigorífico pagou, há cerca de duas semanas, R$ 82 pela arroba do boi proveniente de uma fazenda certificada. Naquele momento, o preço no mercado era de R$ 70 na região.

Na avaliação do executivo do Independência, "num primeiro momento" continuarão existindo prêmios, até que haja um número suficiente de fazendas certificadas para atender à demanda da UE. Hoje, apenas 96 fazendas, grande parte em Minas Gerais, estão habilitadas para fornecer animais para exportação ao mercado europeu.

O Ministério da Agricultura está treinando veterinários para certificar novas fazendas, o que deve ampliar a lista. Mas, "pelo ritmo da carruagem, vai demorar", diz José Vicente Ferraz, do Instituto FNP.

Para o analista, o mercado de animais para a UE é algo "à parte", por ser muito pequeno. Segundo ele, antes da nova regra da UE, prêmios sobre bois rastreados existiam apenas pontualmente. (AAR)