Título: ING anuncia planos de fazer compras e alianças no Brasil
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Fonte: Valor Econômico, 03/04/2008, Finanças, p. C4

O grupo financeiro holandês ING vai se concentrar no crescimento orgânico e nas aquisições no Brasil e no México. O ING quer liderar a administração de fundos de pensão e seguros de vida e estar entre os cinco maiores na administração de investimentos na América Latina, em três a cinco anos.

O presidente do ING, Michel Tilmant, disse ontem em apresentação a investidores que o banco tem um excedente de capital de 9,5 bilhões de euros, cujo destino ainda não definiu, em parte porque a crise de crédito pode durar mais tempo e os preços podem cair mais.

"Nós avaliamos recentemente oportunidades de aquisição. Na realidade, analisamos três alternativas na reunião de ontem do conselho. Mas ainda não estamos prontos a deixar nossa disciplina financeira de lado", disse Tilmant.

Há quatro anos no comando do ING, Tilmant supervisionou mais de US$ 4 bilhões em aquisições.

O ING comprou as divisões de fundos de pensão e renda vitalícia do Banco Santander na América Latina, o que o transformou no maior administrador de fundos de pensão da região, atrás apenas do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA). Em junho do ano passado, pagou US$ 2,67 bilhões pelo Oyak Bank, da Turquia.

O banco chegou a avaliar a compra do conterrâneo ABN AMRO antes do consórcio liderado pelo Royal Bank of Scotland.

O diretor para a América Latina, Carlos Muriel, disse na mesma apresentação que o ING está em "negociações avançadas" com alvos de aquisição na região.

O interesse pelo Brasil e México se deve ao fato de concentrarem três quartos da riqueza da região, justificou em ING.

O Brasil pode ser um dos principais alvos de expansão expansão do ING uma vez que as operações no país ainda são relativamente pequenas. O ING tem um banco no Brasil que fechou o balanço de 2007 como o 25º no ranking por ativos totais, com R$ 6,2 bilhões, patrimônio de R$ 642,5 milhões e lucro líquido de R$ 203,6 milhões. O banco é voltado para operações de atacado, e seus clientes são grandes empresas para as quais realiza operações de tesouraria, financiamento de comércio exterior, assessoria em fusões e aquisições e captações de recursos, tanto no mercado externo quanto interno. Além disso, tem um grupo de agribusiness. Desde 2001 é também sócio da Sul América na área de seguros e administração de recursos de terceiros.

Entre as prioridades também estão o Leste Europeu e Ásia que, ao lado da América Latina, mostram demanda crescente por poupança e outros produtos financeiros. "Os mercados em desenvolvimento mostram forte crescimento no varejo em um momento em que as economias estão se desenvolvendo e a classe média está crescendo", disse Tilmant. O ING buscará alianças e parcerias para distribuir seus produtos e pequenas aquisições serão consideradas no México e Brasil, informou Muriel. Em alguns mercados o banco pode explorar canais alternativos que já utiliza em outras partes do mundo.

O ING reposicionou os negócios na América Latina nos últimos anos por meio da aquisição dos negócios de pensão e previdência e venda de operações consideradas não essenciais.

Atualmente, o banco é o segundo maior administrador de fundos de pensão da América Latina, com 15 milhões de clientes em sete mercados. Está em terceiro em seguro de vida e entre os 20 maiores administradores de recursos. O ING vendeu a operação de seguros de propriedades no México para a AXA; e a de seguro saúde no Chile para um operador local.

Muriel afirmou que essas iniciativas contribuíram para concentrar o foco do banco nos negócios em que vê maior potencial de crescimento na região. "Temos a agenda ambiciosa de ser o líder da região nos próximos três a cinco anos", disse Muriel.

No ano passado, o lucro líquido do ING cresceu 20%, para 9,24 bilhões de euros (US$ 14,4 bilhões), estimulado pelos ganhos do ING com a venda de ações no ABN AMRO e na Royal Numico.