Título: Investimento em projetos sociais cresce 15% em 2007
Autor: Salgado , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 02/04/2008, Empresas, p. B2

As empresas brasileiras gastaram R$ 1,150 bilhão no ano passado em projetos de investimento social privado. Foi um aumento de 15% em relação ao ano anterior. A maior parte das ações teve como foco a educação de pessoas entre 18 e 24 anos. Apesar desses investimentos, muitas companhias brasileiras ainda descumprem uma lei feita para inserir o jovem no mercado de trabalho. Até fevereiro de 2008, elas contrataram apenas 110 mil jovens pela Lei da Aprendizagem, criada em dezembro de 2000. Se todas cumprissem o que é exigido pela lei, 2 milhões de jovens teriam sido contratados nesse período.

"É natural que exista um período de amadurecimento, ainda mais no Brasil onde muitas leis demoraram a pegar. O que buscamos é acelerar esse processo, sensibilizando a opinião pública e as empresas sobre a importância dessa lei", explica ex-jogador Raí, integrante da ONG Atletas pela Cidadania que tem a inclusão de jovens no mercado de trabalho como uma de suas bandeiras.

Fernando Rossetti, secretário -geral do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), responsável pelo levantamento sobre investimento social privado no país, também acredita que o descumprimento da lei ocorre "muito mais por ignorância do que por má-fé".

Segundo o levantamento do Gife, três dentre as quatro principais ações sociais exercidas pelas empresas e fundações que dele participaram estão relacionadas à formação para o mercado de trabalho. São elas: educação, formação para o trabalho e geração de trabalho e renda. A partir de hoje o Gife realiza, em Salvador, seu quinto congresso.

O crescimento econômico, segundo Rosseti, contribui para o incremento das ações sociais. Os R$ 1,150 bilhão gastos em 2007 foram destinados a investimentos sociais privados. São projetos e ações voltados para a comunidade, mas que fazem parte da esfera pública. Esse valor não diz respeito a gastos de uma empresa com reciclagem dos produtos que utiliza. Isso é chamado de responsabilidade social. O investimento social é o realizado, por exemplo, na construção de uma escola que servirá a uma comunidade próxima da empresa.

Esse tipo de investimento pode ter um apelo muito mais forte do que a contratação de aprendizes, pois, como não é algo previsto em lei e sim algo "a mais", contribuiu para a promoção da empresa.

Um problema enfrentado pelas companhias, no entanto, é a aferição dos resultados trazidos pelo projetos. Ainda não há ferramentas para se avaliar o impacto de ações de investimento social nas empresas. Nas comunidades até é possível fazê-lo por meio de pesquisas que mostrem como era a situação antes e depois.

É complicado, porém, saber o que a ação social gerou de benefícios para a empresa. Não é claro, por exemplo, se isso aumenta seu valor no mercado. "Só que não é possível ter a certeza de que a melhora da imagem foi decorrente de um projeto social ou ambiental", explica Rossetti. Isso abre brecha para que diretorias e conselhos questionam a eficácia das ações sociais para as empresas.