Título: Vale investirá US$ 7 bi para duplicar porto e ferrovia no Norte
Autor: Góes , Francisco
Fonte: Valor Econômico, 02/04/2008, Empresas, p. B7

Bartolomeo, diretor de logística: missão de duplicar a capacidade de movimentação de minério na ferrovia e no porto A Vale do Rio Doce vai investir US$ 7 bilhões em ferrovia e porto até 2012 para suportar o crescimento da produção de minério de ferro da empresa na mina de Carajás, no Pará. O plano prevê aplicar US$ 4 bilhões para elevar a capacidade da Estrada de Ferro Carajás (EFC), incluindo a compra de vagões e locomotivas, e outros US$ 3 bilhões para criar um novo porto em Ponta da Madeira, na ilha de São Luís, no Maranhão, por onde a companhia escoa o minério produzido na região Norte destinado à exportação.

Os investimentos bilionários em logística farão com que o terminal marítimo de Ponta da Madeira dobre, a partir de 2012, a capacidade de movimentação de minério de ferro, que situa-se hoje em cerca de 100 milhões de toneladas por ano. "O novo porto vai adicionar 100 milhões de toneladas ao ano à capacidade de escoamento do terminal", diz Eduardo Bartolomeo, diretor executivo de logística da Vale.

A execução do projeto do novo terminal portuário fará com que Ponta da Madeira atinja, em cinco anos, capacidade de movimentar 230 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. O número se explica porque, antes de dobrar o volume de minério a ser escoado pelo terminal, a Vale implanta uma etapa intermediária que ampliará a capacidade do porto em mais 30 milhões de toneladas por ano a partir do fim de 2009. Este projeto está aprovado e em execução.

Na semana passada, Bartolomeo esteve em Ponta da Madeira para o lançamento da pedra fundamental do virador de vagão número quatro do terminal, um investimento de mais US$ 500 milhões. O projeto, que inclui um novo pátio de estoque e novos equipamentos para movimentar o minério, acrescentará 30 milhões/ano à capacidade do terminal da Vale no Maranhão.

Já o novo terminal portuário de US$ 3 bilhões ainda depende de aprovação final do conselho de administração da companhia e das licenças ambientais. Atualmente, encontra-se em fase de engenharia, com gastos de US$ 30 milhões. O projeto incluirá um sistema de recebimento do minério formado por quatro viradores de vagões e três linhas de desacarga. Está prevista também a construção de seis pátios para estoque do minério e a compra de nove equipamentos para movimentar o produto.

O sistema de embarque nos navios será formado por dois berços, de 380 metros de comprimento cada um, para atracar embarcações de até 400 mil toneladas de capacidade. O minério chegará aos navios por meio de uma ponte de acesso, mar adentro, com 1,7 mil metros de extensão. Serão duas linhas de embarque e, nos píeres, haverá quatro carregadores de navios.

A ampliação do terminal de Ponta da Madeira e os investimentos em ferrovia no sistema Norte estão relacionados ao desenvolvimento de Carajás Serra Sul, o maior projeto "greenfield" da empresa e o maior do mundo para produzir minério de ferro. Com investimentos previstos de US$ 10 bilhões, Serra Sul terá capacidade de produção de 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, a partir de 2012, quando a Vale espera produzir 450 milhões de toneladas do produto por ano.

Para atingir esta produção, a Vale conta com a implantação de três grandes projetos: o aumento da produção de Carajás para 130 milhões de toneladas por ano, o próprio Carajás Serra Sul e Maquiné-Baú, em Minas Gerais. Para assegurar o crescimento, a Vale investirá em logística US$ 12 bilhões até 2012, os quais fazem parte dos US$ 59 bilhões do plano de investimentos da empresa para os próximos cinco anos.

Dos US$ 12 bilhões, US$ 7 bilhões se destinam ao sistema Norte da empresa. Há também investimentos no Sudeste, entre os quais o aumento da capacidade de transporte da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e do terminal da empresa em Tubarão, no Espírito Santo, que irá perder, para Ponta da Madeira, em 2010, a liderança entre os terminais da Vale em termos de movimentação de minério de ferro.

O crescimento da operação no Norte dependerá também de investimentos no sistema ferroviário, disse Bartolomeo. A partir de junho deste ano, a Vale passa a operar na EFC com comboios de trens de 330 vagões, o que irá aumentar a capacidade da ferrovia e diminuir de 12 para 9 o número de trens que circulam por dia pela via. Os comboios maiores exigirão a compra de 2.630 vagões, dos quais mil unidades já foram contratadas com a Amsted-Maxion. A prioridade da Vale é fazer estas encomendas aos fabricantes nacionais.

Outros 6,6 mil vagões serão necessários quando o terminal de Ponta da Madeira estiver operando a ritmo de 230 milhões de toneladas anuais. Bartolomeo disse também que entre os investimentos previstos para a EFC está a interligação dos pátios para colocar mais trens estacionados na operação da ferrovia. A EFC é uma via em linha simples projetada para operar com 56 pátios. No projeto de Serra Sul, está prevista a construção de um ramal ferroviário da EFC com extensão de 104 quilômetros.