Título: Tarifa reduzida para entrada de vinho é alvo de pressão
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2008, Agronegócios, p. B14

Se o "aperto sanitário" contra as frutas já incomoda o Chile, a pressão de produtores brasileiros de vinho pode trazer mais complicações ao governo de Santiago. Na semana passada, os fabricantes de vinho pediram ao governo brasileiro a revogação da cláusula do acordo bilateral Brasil-Chile que estabelece a redução do imposto de importação sobre os vinhos chilenos em troca da venda de ônibus nacionais para o país andino. Também ratificaram a necessidade de regulamentar a Medida Provisória nº 413 para instituir um imposto fixo "ad valorem" de até R$ 10 por litro para um terço de todo o volume importado.

Os vinicultores acusam o Chile de "inundar" o Brasil com vinho barato. "O governo não pode trocar as vendas de ônibus por todo esse esforço feito pelo produtores brasileiros", diz Hermes Zaneti, presidente da Câmara Setorial da Viticultura e diretor-superintendente da Cooperativa Aurora. Os dados da Secex mostram que o Chile abocanhou 30,1% do mercado nacional de vinhos finos no primeiro bimestre de 2008. O produto brasileiro respondeu por 15,4% do total consumido - a Argentina obteve 21,2%. "As grandes empresas do Chile colocaram aqui o dobro do vinho produzido por 700 empresas com 20 mil famílias que trabalham em minifúndios", diz Zaneti. A fatia chilena saltou de 9,6%, em 2001, para 24,3% no ano passado, encostando na participação brasileira (25,7%), conforme os dados.

O vinicultores insistem que os chilenos têm que se submeter a um acordo similar ao celebrado com produtores argentinos. Em 2005, um acordo de limitação voluntária fixou um piso de US$ 8 por caixa de 12 unidades de 750 ml. Até então, a caixa entrava no país a US$ 3,35. Estima-se que o custo do litro do produto chileno seja de US$ 0,40. "Aqui, nós pagamos R$ 0,80 só pelo quilo da uva. O presidente Lula conhece o caso e prometeu nos ajudar". (MZ)