Título: Vasp pode enquadrar-se na nova lei, diz Alencar
Autor: Vanessa Adachi
Fonte: Valor Econômico, 15/02/2005, Empresas &, p. B3

Com todas as suas rotas cassadas e sua licença para operar vencendo em abril, a Vasp recebeu ontem do governo um fio de esperança para voltar a voar. O presidente da República em exercício e ministro da Defesa, José Alencar, disse que a empresa poderá enquadrar-se na nova Lei de Falências e tentar um processo de recuperação judicial. A Varig também deverá beneficiar-se, avisou. Em reunião com sindicalistas que representam trabalhadores do setor aéreo, ele rechaçou os pedidos de intervenção para salvar a companhia de Wagner Canhedo. Para Alencar, que venceu setores do governo opositores ao artigo que incluía o setor aéreo na nova legislação, as empresas têm que aproveitar as oportunidades surgidas com ela. "A Vasp provavelmente esteja em condições de valer-se também da nova lei, mas isso é uma decisão dela", afirmou. A posição do ministro frustrou as expectativas da presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, que insistiu na tese de intervenção do governo na Vasp para salvar os mais quatro mil funcionários da empresa. "Nada disso", cortou Alencar. Ele explicou que essa solução não pode ser adotada porque não encontra amparo legal. Exigiria que os ativos da companhia de Canhedo fossem suficientes para cobrir pelo menos 50% das dívidas existentes, o que, segundo ele, não é o caso. "Não há condições mais de o Estado fazer intervenções." Na tentativa de tranqüilizar os sindicalistas, Alencar comprometeu-se a solicitar às companhias que estão em situação financeira melhor que priorizem ex-funcionários da Vasp nas novas contratações. "Pedimos que ele sensibilizasse os presidentes das demais empresas", relatou Graziela, obtendo concordância do presidente em exercício. Não pela primeira vez, Alencar recomendou à Vasp, se quiser voltar a voar regularmente, que contrate uma assessoria - "de preferência um banco que tenha experiência de mercado". Ele disse ter apreço por todas as companhias aéreas e analisar caso a caso. "O Estado não faz negócio, nós podemos é abençoar um bom negócio." Alencar afirmou ainda que a Lei de Falências deverá beneficiar também a Varig. A primeira saída apontada para a recuperação da companhia aérea, de acordo com os planos elaborados pelo Unibanco, consiste em explorar as possibilidades da nova legislação. Ao ser questionado se a lei facilitará a salvação da Varig, Alencar respondeu com otimismo: "Esperamos que sim". Com patrimônio líquido negativo superior a R$ 6 milhões, a Varig busca uma solução dentro dos próximos seis meses, segundo esperam o governo e a própria empresa. No mês passado, antes da sanção da Lei de Falências, Alencar havia sugerido a estatização temporária da companhia aérea - conversão da dívida com credores em participação acionária.