Título: TAM corta custo e consegue reverter perda operacional
Autor: Vanessa Adachi
Fonte: Valor Econômico, 15/02/2005, Empresas &, p. B3

A TAM conseguiu ganhar dinheiro com a sua atividade em 2004, depois de perdas consideráveis em 2002 e 2003. No ano passado, a companhia registrou um resultado da atividade (equivalente ao lucro antes do pagamento de juros e impostos) positivo em R$ 294,7 milhões. Em 2002 a companhia havia tido um resultado negativo em R$ 245,8 milhões e em 2003, perda de R$ 32,6 milhões. A empresa está colhendo os frutos do programa de redução de custos e aumento de produtividade que começou a ser implementado em 2003. "Isso se traduziu nessa virada", afirma Líbano Barroso, vice-presidente financeiro da companhia.

Entre as medidas implementadas, o executivo lembra da eliminação da classe executiva nos vôos domésticos, que permitiu a colocação de mais assentos por vôo, e o aumento do número de horas voadas pelas aeronaves. Em 2003, os jatos da TAM voavam em média seis horas por dia, agora, são dez. A taxa de ocupação das aeronaves da TAM subiu de 60% para 66% em 2004. Como o equilíbrio de receitas e despesas dos vôos é com 58% dos assentos ocupados, fica claro que a empresa conseguiu fazer mais dinheiro voando. Barroso reconhece que o code-share com a Varig contribuiu para que o resultado da atividade entrasse no azul. "Com o compartilhamento as despesas operacionais são menores. Agora, com o fim do code-share, teremos mais custos", disse ele, sem revelar o tamanho da economia obtida. O lucro líquido da TAM em 2004 foi de R$ 341 milhões, o maior de sua história e quase o dobro de 2003. No entanto, esse número foi muito impactado por uma alteração na modalidade de leasing da companhia. Sem essa operação, o lucro líquido teria sido bem menor, de R$ 147 milhões. Em junho, 17 aviões que tinham leasing financeiro passaram a ter leasing operacional. Com isso, os jatos saíram do ativo da empresa, assim como os aluguéis saíram do passivo. O movimento gerou uma receita não operacional de cerca de R$ 300 milhões (porque a dívida era maior que o valor dos aviões). Líbano explica que, descontado o efeito do imposto de renda, esse resultado não operacional contribuiu com R$ 194 milhões para o lucro líquido. Até 2003, um fator que era decisivo para que a TAM perdesse dinheiro na atividade era a existência de 20 Fokker-100 no chão. Eles representavam um custo enorme e não geravam receita para a empresa. Em 2004, 13 deles foram devolvidos e os outros 7 voltaram a voar porque o mercado cresceu. Até por causa dessa "sobra" de aviões, que as demais aéreas não tinham, a TAM conseguiu capturar participação de mercado, segundo analistas. Principalmente quando a Vasp parou. A empresa cresceu praticamente o dobro da média do mercado em número de passageiros transportados. A receita bruta da TAM aumentou 25,9% em 2004, para R$ 4,7 bilhões (R$ 4,5 bilhões de receita líquida). Os custos tiveram um crescimento menor, de 16,6%. "Se descontarmos o efeito do preço do combustível, as despesas aumentaram apenas 11,3%", diz Barroso. No quarto trimestre, A TAM lucrou R$ 83,1 milhões. Sua receita líquida no período foi de R$ 1,35 bilhão. A dívida registrada no balanço da TAM em 31 de dezembro era de R$ 411 milhões. Além disso, a companhia devia mais US$ 1,755 bilhão em leasing operacional, a ser pago em 12 anos, que não entra no balanço.