Título: Colômbia põe livre comércio no debate eleitoral dos EUA
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Fonte: Valor Econômico, 08/04/2008, Internacional, p. A11

AP O presidente George Bush, junto com autoridades dos EUA, anuncia envio ao Congresso do acordo com a Colômbia O presidente dos EUA, George W. Bush, enviou ontem ao Congresso o projeto de lei para ratificar o TLC (Tratado de Livre Comércio) com a Colômbia. O envio é um claro desafio aos democratas, que se opõem ao acordo, e deve ter repercussões na campanha presidencial. "Esse tratado permitirá aos EUA melhorar a segurança em uma região crítica para nós", disse.

Com o envio do projeto de lei, começa a contagem regressiva para que ambas as casas do Legislativo submetam à votação, em um prazo de 90 dias, o acordo comercial assinado pelos EUA e pela Colômbia em 2006.

Em seu discurso, Bush destacou a importância de que o acordo seja aprovado antes que o Congresso inicie o recesso de férias de verão (no meio do ano), pois, caso contrário, não teria tempo de levar adiante a iniciativa antes das eleições de novembro.

A oposição democrata, pressionada pelos sindicatos do país, disse que votará contra o TLC por considerar que o governo colombiano não fez o suficiente por melhorar as condições de direitos humanos e trabalhistas no país.

O partido afirma que a impunidade e a violência dirigidas contra os líderes sindicalistas colombianos ainda são constantes.

Os democratas tentam ainda condicionar o apoio ao tratado à extensão da TAA (Lei de Ajuste Comercial, na sigla em inglês), um programa federal que beneficia os trabalhadores americanos que se virem prejudicados pela concorrência estrangeira.

"Sob as atuais circunstâncias, não podemos aceitar a ratificação do acordo", disse a presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi. "Temos de fazer tudo a nosso alcance para assegurar todas as oportunidades de crescimento."

A discussão sobre o acordo pode se mostrar delicada para o Partido Democrata. Hillary Clinton, pré-candidata do partido à Presidência, teve de substituir seu chefe de campanha, Mark Penn, depois de ter sido divulgado que ele havia se encontrado com a embaixadora da Colômbia para discutir o TLC. Penn disse que se encontrou com a embaixadora na qualidade de executivo de uma firma de lobby, e não como chefe da campanha da senadora. Mesmo assim, viu-se forçado a renunciar.

Por sua vez, o senador Barack Obama, que concorre com Hillary pela candidatura democrata, se diz contrário ao acordo.

Já o virtual candidato republicano, John McCain, chegou a mostrar reticência em apoiar o TLC, mas ultimamente vem adotando uma atitude mais favorável a ele.

Em uma tentativa de suavizar a oposição democrata, o presidente Bush afirmou que o TLC com a Colômbia contém as obrigações ambientais e trabalhistas mais rígidas na comparação com todos os outros acordos comerciais dos EUA. Ele afirma que o tratado com a Colômbia é similar ao que se aprovou com o Peru, com a diferença de que a economia e o papel estratégico da Colômbia são maiores.

"A não-ratificação deste tratado enviaria a outros países a mensagem que nossos amigos não podem contar com a ajuda dos EUA", apontou Bush.

Para Bush, o líder colombiano, Álvaro Uribe, transformou com sucesso seu país "em um dos mais estáveis e uma das democracias mais sólidas da região".