Título: Fundo elogia ajuste do país e pede cooperação mundial
Autor: Claudia Safatle
Fonte: Valor Econômico, 15/02/2005, Finanças, p. C1

O vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Agustín Carstens, elogiou o ajuste promovido pelo Brasil nos últimos anos e disse que caberá ao país decidir se renova ou não o acordo. "O trabalho que o Brasil realizou dá essa opção de continuar ou não (o acordo). Não há dúvida de que o FMI pode colaborar se o país precisar, mas a decisão está nas mãos das autoridades do país", disse Carstens, que participou ontem, no Rio, do seminário "Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2005". O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, que participou do mesmo encontro, afirmou apenas que, enquanto a decisão sobre um novo acordo não for tomada, o país tem condições de seguir por caminhos alternativos sem o auxílio do Fundo. Para economistas presentes ao seminário, como Carlos Langoni, da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil não deve renovar o acordo, mas por outro lado, elevar o superávit primário para 5%. Tanto o representante do FMI quanto o secretário do Tesouro comentaram sobre as perspectivas das economias brasileira e mundial para este ano e sobre os principais riscos que se apresentam no cenário, que estariam concentrados na questão do décifit fiscal dos Estados Unidos, nos preços do petróleo e na economia chinesa. Segundo Carstens, o FMI entende que para atenuar os desequilíbrios mundiais é preciso adotar uma política de enfoque cooperativo entre os países da Ásia, Europa e EUA. Ele disse ainda que a política do presidente George W. Bush de reduzir o déficit à metade durante seu segundo mandato foi muito bem-recebida pelo Fundo. Otimista, Joaquim Levy acredita que estes riscos parecem estar sob controle no curto prazo e avalia que o país também vem tomando as medidas necessárias para se proteger de eventuais problemas no cenário externo. Para o secretário do Tesouro, no entanto, a inflação é um dos riscos que ainda exigem atenção maior. Segundo ele, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no ano passado, de 7,6%, ficou acima da inflação registrada em vários países emergentes, deixando o Brasil em posição pior nesse indicador, ao contrário do que ocorreu em outras áreas, como a fiscal. Levy admitiu, durante sua palestra, que os gastos com a folha salarial do governo federal, em 2005, deverão subir. Ele afirmou que nos últimos dois anos esse gasto foi menor como percentagem do PIB. (com Globo On line) (CV)