Título: Banco pequeno aposta no crédito pessoal com garantia do imóvel
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 08/04/2008, Finanças, p. C2

Para fugir da concorrência direta com os grandes bancos, os pequenos começam a direcionar os esforços para o crédito pessoal com garantia do imóvel, modelo conhecido como "home equity". Essa tem sido a estratégia para ganhar experiência em um mercado complexo e que se torna cada vez mais competitivo.

Na BM Sua Casa, empresa de crédito imobiliário do grupo Ourinvest, o produto já responde por mais da metade das operações. "Ele teve uma aceitação fantástica", afirma Elyseu Mardegan, diretor da empresa.

Os números iniciais de demanda pelos empréstimos dão respaldo para ampliação das unidades de atendimento. A operação, que começou no meio do ano passado, já soma 10 unidades em março deste ano. "Estamos agora na fase de expansão bastante grande. O modelo tem se confirmado dentro das expectativas", afirmou, sem detalhar os números.

Odilio Figueiredo Neto, diretor do Banco Morada, conta que também iniciou as operações de empréstimos pessoais com garantia em imóveis. O sistema é semelhante à "troca-com-troco" feita com veículos, em que o bem é alienado em nome do banco como garantia dos recursos. "Esperamos que 15% da receita do banco venha do setor".

O banco, hoje especializado em crédito consignado, foi um dos líderes do segmento de habitação na década de 70, com a então Morada Crédito Imobiliário, mas saiu do mercado em 1985. A previsão é retomar os financiamentos no segundo semestre. "O foco agora são imóveis usados em parceria com corretores imobiliários."

Depois de anunciar o ingresso no segmento, em outubro do ano passado, o Banco Matone, sediado no Rio Grande do Sul, começou a conceder financiamentos com garantia imobiliária.

A previsão é que a carteira imobiliária atinja R$ 700 milhões no ano. No ano passado, o banco criou duas subsidiárias para o segmento: a Matone Crédito Imobiliário, para a concessão dos financiamentos, e a securitizadora, responsável pela negociação de recebíveis próprios e de terceiros.

A securitizadora é necessária porque os bancos de menor porte não têm captação de caderneta de poupança, de onde vem a maior parte dos recursos usados nesses financiamentos. Para entrar neste mercado, portanto, precisam de uma fonte de recursos de longo prazo compatível.

A maior parte deve vir dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), título de securitização dos fluxos de pagamento dos empréstimos. Este modelo de funding é bastante usado por bancos médios que operam financiamento de veículos e empréstimos consignado. A primeira emissão com créditos da BM Sua Casa deve sair nos próximos meses.

O Matone também prepara sua emissão de CRI. No caso dos empréstimos pessoais, o veículo de captação do banco deve ser a Letra de Crédito Imobiliário (LCI).