Título: Ações mais líquidas podem ser alvo de estrangeiros em 2005
Autor: Felipe Frisch
Fonte: Valor Econômico, 15/02/2005, EU &, p. D1

Para esse ano, a vez pode ser mesmo das ações de empresas com maior peso nos negócios do mercado, portanto, com maior liquidez, diz Marcelo Mesquita, estrategista-chefe do banco UBS. Ele tem entre suas principais recomendações da América Latina AmBev PN, Petrobras PN, Itaú PN, América Latina Logística PN, CSN ON, Votorantim Celulose e Papel PN, Brasil Telecom PN, Sabesp ON e Tele Norte Leste Participações ON. "Nos últimos dois anos, os papéis de empresas pequenas tiveram performance melhor do que os de companhias maiores e mais líquidas, que devem diminuir esse prejuízo", diz. Na carteira recomendada pelo banco suíço para a América Latina, o Brasil tem peso de 51,3%, à frente dos 34% do México. No Brasil, a instituição destaca ainda as ações de Caemi, Aracruz Celulose e Coteminas. Para Mesquita, o otimismo internacional com as brasileiras acaba superando a suposta desvantagem cambial. "Se as empresas vão bem, as ações sobem independentemente do câmbio", avalia. Ele explica que a valorização do real está ligada justamente à recuperação da economia e não pode ser vista como desestímulo aos investimentos externos ou às exportações. O desempenho da bolsa neste ano, na avaliação dele, depende da continuidade das reformas - trabalhista, tributária (com a unificação do ICMS) e previdenciária - e a evolução das Parcerias Público-Privadas (PPPs). "uma forma tímida de privatização", como ele define. Além da queda dos altos juros, que acabam estimulando apenas a renda fixa. "Nos fundos mútuos de investidores brasileiros, hoje, apenas 15% das aplicações estão em bolsa", diz o executivo. O acompanhamento dos fundos de mercados emergentes Emerging Portfolio Fund Research divulgado ontem mostra um fluxo líquido recorde de US$ 1,33 bilhão nos fundos de ações dos mercados emergentes na semana terminada em 9 de fevereiro. É o maior volume desde 2000, quando o estudo começou a ser realizado. Deste valor, US$ 84,09 milhões vieram para os fundos exclusivamente de ações latino-americanas. A categoria geral dos fundos de ações de estrangeiros registrou captação inferior, de US$ 811,1 milhões. No ano, as carteiras de ações de mercados emergentes já receberam US$ 1,8 bilhão, ainda menos do que os US$ 2,5 bilhões do mesmo período de 2004. (F.F.)