Título: Caixa do BNDES pode ter reforço, diz ministro
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Fonte: Valor Econômico, 09/04/2008, Brasil, p. A4

Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento: política industrial ainda depende da definição dos cortes O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode contribuir com até R$ 250 bilhões em recursos até 2010 para financiar empresas com base na nova política industrial, que deve ser anunciada pelo governo federal ainda neste semestre. A informação foi dada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, que não detalhou como a instituição de fomento conseguirá os recursos.

"O BNDES vai ter recursos novos. De algum lugar sairá e com um banco como o BNDES você pode buscar funding em organismos internacionais", frisou Jorge. "Parte dos recursos deve vir de fora e parte de captação do Tesouro", acrescentou. O ministro garantiu que o banco de fomento será capaz de buscar o funding e admitiu que, em um cenário internacional de redução da liquidez, a necessidade por recursos do BNDES por parte de empresas beneficiadas pela política industrial pode até superar os R$ 250 bilhões.

Jorge evitou dar maiores detalhes sobre a política industrial, que preferiu chamar de "Projeto de Desenvolvimento Produtivo" e reafirmou as metas de aumento do investimento na economia brasileira, que segundo ele deve passar dos 17,6% do PIB, registrado em 2007, para 21% em 2010. Além disso, o ministro confirmou a expectativa de participação no Brasil no comércio mundial, que deve chegar a 1,25% do total no último ano do governo Lula, diante dos atuais 0,96%.

Outra fonte de preocupação para os industriais que esperam o anúncio da nova política foi minimizada por Jorge. Segundo ele, a decisão do governo federal de cortar R$ 19,4 bilhões em gastos previstos no Orçamento da União em 2008 não deve alterar os incentivos que serão dados.

"A desoneração não vai ser menor por conta da contenção de recursos. Esperamos para avaliar quais seriam os impactos dos cortes que seriam feitos no Orçamento, primeiro pelo Congresso e depois de acordo com as necessidades dos ministérios do Planejamento e da Fazenda. Não adiantava fazer propostas que depois não conseguiríamos executar", frisou.

O ministro acrescentou que há um grupo de trabalho formado por representantes do Desenvolvimento, da Fazenda, da Receita Federal, do BNDES e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que se reúne até três vezes por semana para formatar a proposta de política industrial.

A nova política industrial será "horizontal" e pegará praticamente todos os setores da economia, ressaltou o ministro. Na lista em estudo, são 24 segmentos.

Miguel Jorge também destacou, em relação à crise nos Estados Unidos, que o aumento das exportações para outros mercados foi importante para o Brasil ficar mais imune. Segundo o ministro, há cinco anos, 25% das vendas externas tinham como destino final o mercado americano. Hoje em dia, ressaltou, essa participação não passa de 15,6%.

O ministro informou, ainda que o Ministério do Desenvolvimento mantém a meta de o Brasil atingir US$ 180 bilhões em exportações neste ano e que ele trabalha com uma previsão de superávit entre US$ 30 bilhões e US$ 32 bilhões, uma queda entre 25% e 33% sobre os US$ 40 bilhões no ano passado. No primeiro trimestre, contudo, a queda foi bem mais expressiva e ficou em 60%.