Título: Indústria paulista cresce 11,8% e tem o melhor resultado desde 1992
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 16/02/2005, Brasil, p. A2

A produção industrial do Estado de São Paulo - que responde por 40% da indústria nacional- cresceu 11,8% no ano passado, o melhor resultado desde o início da série histórica da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1992. O desempenho foi impulsionado pelo crescimento expressivo da produção de veículos automotores (29,3%), material eletrônico e equipamento de comunicações (45%) e máquinas e equipamentos (21%). Por outro lado, o ramo de edição e impressão mostrou queda de 3,1%. Em 2005, a previsão é de que a indústria paulista continue a crescer em ritmo intenso. Para economistas ouvidos pelo Valor, embora a perspectiva seja de desaceleração do nível de crescimento das exportações e da produção de bens duráveis e de capital, São Paulo também conta com indústrias de bens não duráveis e semi-duráveis, que devem ser o destaque este ano. "A produção do interior paulista ainda está muito ligada aos setores que atendem ao mercado interno, que deve crescer mais, com o aumento da renda e do emprego", diz Braulio Borges, economista da LCA Consultores.

Apesar de ter mostrado aumento em todas as regiões pesquisadas, o desempenho da produção industrial foi destaque nos Estados de Amazonas e Ceará, com incremento de 13% e 11,9% , respectivamente - superiores à média nacional de 8,3%. No Amazonas, segundo André Macedo, economista da Coordenação da Indústria do IBGE, a expansão foi liderada por televisores, celulares e bens de consumo duráveis em geral que foram auxiliados pelo aumento da oferta de crédito no ano passado. No Ceará, nove atividades mostraram desempenho positivo, com destaque para alimentos e bebidas (11,1%), têxtil (12,9%) e calçados e artigos de couro (16,5%). O Rio de Janeiro, que teve o pior resultado na pesquisa, com alta de apenas 2,4% na produção, deve retornar para o caminho do crescimento. "O Rio foi prejudicado pelas paradas na exploração de petróleo e pelo atraso da entrega de plataformas", conta Johan Osorio Soza, da Rosenberg & Associados. A expectativa é de alta de 10% na extração de óleo, o que dará novo fôlego à indústria, aposta Borges, da LCA. Neste ano, o IBGE identifica uma mudança no perfil de crescimento da produção, com a liderança dos bens de consumo semi e não-duráveis, como roupas e alimentos, mais relacionados à massa salarial do que às condições de crédito. Com essa alteração, devem ganhar destaque Estados como Paraná e Santa Catarina, que têm uma indústria voltada à produção destes bens. Por outro lado, o Rio Grande do Sul, que teve em 2004 uma produção destinada em grande parte à exportação, com máquinas agrícolas e fertilizantes, por exemplo, será menos beneficiado. Mas dados do último trimestre confirmam acomodação na produção. Cálculos de Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) evidenciam que a evolução em relação ao terceiro trimestre foi de 0,9% ou 4,1% em termos anualizados. "Na margem, a indústria cresce a uma taxa que é a metade dos 8,3% em 2004". (Com Folha Online)