Título: DEM reitera candidatura Kassab à reeleição
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 09/04/2008, Política, p. A9

Alckmin em Brasília ontem: "Respeitamos muito o DEM. Não vamos criar constrangimentos. E somos aliados. Se a aliança não for no 1º turno, será no 2º" No mesmo dia em que o ex-governador e candidato derrotado à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) percorreu Brasília em busca do apoio de deputados e senadores para sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, a direção do DEM reiterou que o prefeito paulistano, Gilberto Kassab, tem sua candidatura garantida e que não cederá à pressão feita por tucanos para que retire seu nome em favor de Alckmin. Os dois partidos sinalizam que terão candidatos próprios, apesar de defenderem, publicamente, a manutenção da aliança na cidade.

Com a falta de definição de PSDB e DEM sobre suas candidaturas em São Paulo, cresceram os rumores de que Kassab poderia deixar de concorrer à reeleição para apoiar Alckmin, em melhor posição nas pesquisas de opinião. A tese foi rechaçada ontem pelo DEM, que aposta na importância da disputa para dar ao partido maior dimensão no cenário político. Além disso, mesmo que Kassab não consiga ir para o segundo turno, ele conquistaria uma parcela de eleitores para 2010, quando poderá concorrer ao Senado por São Paulo. "É natural que o detentor do cargo dispute a reeleição. Kassab não tem nenhuma razão para não ser candidato e rigorosamente não tem nada a perder com sua candidatura", diz o dirigente Saulo Queiroz, tesoureiro do DEM. "Ele se credencia para próximas disputas, qualquer que seja o resultado. Ele marcará posição, se cacifará e ganhará uma faixa de eleitores para 2010. Não é lógico, do ponto de vista político, que abra mão de sua candidatura."

Para o dirigente do DEM, a suposta proposta para que Kassab retire sua candidatura é "ofensiva". Com opinião semelhante, o secretário municipal Walter Feldman (PSDB), aliado do governador paulista, José Serra (PSDB), disse que "ninguém teria coragem de falar com Kassab para que ele desista". Defensor ferrenho da manutenção da aliança, Feldman fez críticas indiretas à exposição dada por Alckmin ao seu desejo de ser candidato. "A definição sobre a aliança deve ser feita antes da escolha do candidato. O desastre é ter uma candidatura por conta da vontade pessoal. Tem que olhar para frente, ver uma estratégia para 2010", reclamou. "Não ter aliança é um passo para a derrota."

O vereador Carlos Apolinário, líder do DEM na Câmara municipal, reclamou da "falta de reciprocidade" dos tucanos. "Se a chapa única não acontecer, a culpa não será dos democratas", disse em nota divulgada ontem. Kassab, por sua vez, reafirmou que "tem vontade de continuar na prefeitura" e disse que sua definição será feita em maio. "Na hora certa, o meu esforço vai ser para manter a aliança", disse ontem, depois de participar da inauguração de um hospital ao lado de Serra.

Parte do PSDB defende a candidatura própria em São Paulo e Alckmin para a disputa. Como ainda não há consenso em São Paulo sobre a candidatura própria, Alckmin foi a Brasília pedir apoio aos parlamentares. Para seu aliado político, o deputado Silvio Torres, "em nível nacional o partido deseja que haja candidatura própria do PSDB em São Paulo e que seja Alckmin o candidato". "Nós dissemos isso e ele vai levar em conta o sentimento do partido na hora de anunciar sua decisão." Alckmin encontrou-se com o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e disse que a aliança com Kassab pode sair apenas no segundo turno. "Nós respeitamos muito o DEM. Não vamos criar constrangimentos. E somos aliados. Se (a aliança) não for no primeiro, será no segundo turno". O tucano negou que já seja candidato, mas admitiu que a indefinição do PSDB atrapalha a busca por votos.

Em menos de dois meses os partidos lançarão seus candidatos nas convenções . A indefinição sobre a continuidade da aliança preocupa tanto DEM quanto PSDB. A divisão pode facilitar a campanha para o PT, que deverá lançar a ministra e ex-prefeita Marta Suplicy. Em pesquisa Ibope/ ACSP, Marta tem 31% das intenções de voto, seguida por Alckmin, com 23% , e Kassab, 14%.

O presidente do PSDB cobrou que se defina até o final do mês a situação em São Paulo. "Não pode demorar muito. O PSDB deve resolver isso logo porque os tucanos correm o risco de serem prejudicados em uma eleição, na qual somos favoritos, pelo atraso de uma definição", disse Guerra. (Com agências noticiosas)