Título: Eurofarma muda estrutura para ganhar agilidade
Autor: Vieira , André
Fonte: Valor Econômico, 09/04/2008, Empresas, p. B6

A Eurofarma, terceira maior fabricante de medicamentos genéricos e quinta maior empresa farmacêutica do país, com vendas de R$ 1 bilhão no ano passado, promoveu uma mudança em sua estrutura de comando, criando dois cargos de vice-presidentes: um operacional e outro comercial.

Nélson Mussolini, ex-diretor da farmacêutica suíça Novartis, responderá pelas áreas industrial, financeira, pesquisa, inteligência de mercado, assuntos institucionais, fornecedores e técnica. O outro VP, Julio César Gagliardi, cuidará das atividades comerciais das unidades de negócios de prescrição médica, genéricos, hospitalar, licitações, oncologia e veterinária.

Antes a estrutura organizacional da Eurofarma era composta de um presidente - o dono da empresa - e uma dezena de diretores. Com a mudança, o laboratório de capital nacional que cresceu muito nos últimos anos por conta da ascensão dos genéricos no mercado brasileiro avalia que conseguirá mais agilidade em suas decisões.

O presidente da companhia Maurízio Billi ficará mais livre para tocar as decisões estratégicas - que incluem o processo de internacionalização do laboratório e os investimentos em pesquisas e desenvolvimento.

A empresa preparou a estrutura de comando antes da conclusão do investimento de R$ 280 milhões do complexo industrial da Eurofarma, em Itapevi (SP), onde triplicará a produção atual. A nova fábrica, que tem parte das instalações em funcionamento, será finalizada em 2009.

"A Eurofarma tem um plano bem claro no Brasil: quer ficar entre as três maiores companhias do país até 2015", disse Mussolini. "A aposta é também ser o parceiro de primeira escolha de outras organizações que queiram fazer licenciamentos de produtos no país."

Mussolini se desligou da Novartis depois de 25 anos de empresa ao completar 50 anos em março: "Era uma meta que fiz em março de 1988", revela. Na Novartis tinha uma imagem identificada pela defesa dos medicamentos de marcas, protegidos por patentes.

Agora, em uma empresa com o perfil voltado à indústria de genéricos, Mussolini afirma que o princípio continua o mesmo. "A Eurofarma defende a lei de patentes", diz ele, salientando que a legislação atual deve ser cumprida à risca evitando interpretações diferentes que poderiam levar a extensão dos prazos das patentes dos medicamentos de marcas.

Julio Gagliardi, de 54 anos, que ocupava o cargo de diretor da área de prescrição médica da Eurofarma, onde entrou em 2001, trabalhou por 23 anos no Laboratórios Aché.

Sua missão agora é reforçar a posição da empresa no segmento de genéricos. Embora seja a terceira maior do país com 6,8% de participação (já chegou a 12% no passado), ela está bem aquém das líderes, a Medley e a EMS, com cerca de 30% do mercado, cada uma. "Queremos ter um foco maior nos 'farmacistas'", afirmou Gagliardi. A estratégia do laboratório é focar nas farmácias menores, um grupo fragmentado que ele classifica como metade dos 50 mil estabelecimentos espalhados pelo país.

O novo VP afirmou que as redes de farmácias não serão desprezadas, mas a Eurofarma pretende manter uma política mais rigorosa de preços na comparação com os rivais. "Vamos lutar por uma política de preços que seja boa para a gente junto às redes. Quando for ruim, vamos deixar de vender às redes", explicou.

Outro foco é o mercado de licitações. Com a nova produção da fábrica, a empresa procurará ser mais "agressiva", na definição de Gagliardi, nas concorrências públicas. No segmento de oncologia, o projeto é elevar o número de profissionais ligados às visitas às clínicas. No segmento veterinário, a empresa pretende dar destaque a assistência técnica aos produtos vendidos. A Eurofarma emprega 3,2 mil pessoas, sendo uma das maiores forças de vendas do país, com 1,4 mil propagandistas.