Título: Crédito em alta entre emergentes preocupa Fundo
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Fonte: Valor Econômico, 09/04/2008, Finanças, p. C5

O Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou ontem o aumento acelerado do crédito no Brasil e em outros países emergentes como uma fonte de preocupações que deve ser monitorada com atenção pelos governos para evitar que uma expansão descuidada crie problemas como os que os Estados Unidos enfrentam atualmente.

Segundo o relatório do FMI sobre o sistema financeiro mundial, o crédito para o setor privado cresceu 29% no Brasil no ano passado.

O país foi um dos que mais ampliou a oferta de crédito na América Latina. No mesmo período, a expansão do crédito foi de 37% na Argentina, 21% no Chile e 19% no México.

Mas os números compilados pelo próprio Fundo sugerem que os bancos do Brasil e dos países vizinhos estão em geral muito bem capitalizados.

As estatísticas também mostram que os empréstimos com problemas de inadimplência correspondem hoje em dia a uma porção bem pequena e declinante das carteiras dos bancos brasileiros.

O FMI tem demonstrado preocupação maior com o que está acontecendo no Leste Europeu. Em lugares como a Bulgária, a Estônia e a Romênia, a expansão do crédito nos últimos anos foi financiada em grande parte com capital externo e tornou a região muito vulnerável a uma deterioração do cenário internacional.

De maneira geral, as empresas dos países emergentes estão sofrendo mais do que os governos com a contração nos mercados de crédito, diz o Fundo.

A instituição teme que a cobrança de taxas de juros mais elevadas nos empréstimos internacionais aumente a demanda das empresas por financiamento nos mercados domésticos, gerando pressões sobre o capital dos bancos.

A redução da dependência externa dos países emergentes nos últimos tempos ajudou a isolá-los do contágio direto com os problemas gerados no mercado imobiliário americano. Segundo o relatório do FMI, apenas alguns bancos asiáticos identificaram até agora perdas associadas à crise das hipotecas, no valor de aproximadamente US$ 1 bilhão.

Não apareceram prejuízos semelhantes nos bancos da América Latina. De acordo com o relatório do Fundo, uma das explicações é que as taxas de juros de países como o Brasil e seus vizinhos são tão altas e oferecem rendimentos tão bons para os investidores que reduziram o interesse por apostas arriscadas como as que os bancos americanos fizeram com as hipotecas. (RB)