Título: Surpresa inflacionária está diminuindo no país, diz Meirelles
Autor: Bueno , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 09/04/2008, Finanças, p. C12

Numa palestra em que mais uma vez destacou a importância da estabilidade monetária para o crescimento da economia brasileira, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que a "surpresa inflacionária", que corresponde à diferença entre a inflação efetiva e a taxa esperada 12 meses antes, está diminuindo no país. Segundo ele, o resultado deste comportamento dos preços é a redução da taxa real de juros, que caiu da média de 18,4% no período 1996-1999 para 8,4% de 2006 até agora.

"Um dos prêmios de risco que a taxa de juro real certamente tem embutido é o prêmio de risco da inflação", disse Meirelles, que encerrou o 21º Fórum da Liberdade, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), em Porto Alegre. Às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC que definirá a trajetória da taxa Selic, ele não falou com os jornalistas e evitou comentários sobre o comportamento da inflação nos últimos meses.

O presidente do BC lembrou que o repique inflacionário de 2004/05 ocorreu porque a retomada da atividade econômica, na época, "encontrou um país investindo pouco devido à previsibilidade (macroeconômica) ainda baixa".

Agora, o cenário mudou. Conforme a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o nível de utilização da capacidade instalada do parque industrial brasileiro caiu de 83,1% para 82,9% de janeiro para fevereiro, apesar do aumento das vendas.

Meirelles disse que nos últimos dois anos houve um crescimento "mais previsível" da economia brasileira, atingindo 6,2% de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2007 em comparação com o mesmo período do ano anterior. O crescimento do consumo das famílias, de 8,6%, foi considerado por ele um "número chinês".

Questionado pelo público se o crescimento da venda de veículos financiados poderia expor o Brasil a uma crise como a enfrentada pelos Estados Unidos no segmento de empréstimos hipotecários "subprime", Meirelles afirmou que o país ainda teria "um longo caminho a percorrer" antes de enfrentar um problema do gênero.