Título: Banco Real cria selo para obra sustentável
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 10/04/2008, Finanças, p. C12

O Banco Real aposta cada vez mais no conceito de sustentabilidade também para a liberação de crédito imobiliário. Todos os recursos destinados ao setor já passavam por uma análise ambiental restritiva e agora contam também com um selo de reconhecimento ambiental criado pelo próprio banco, chamado de "Real Obra Sustentável".

As liberações de crédito imobiliário para construtoras passam por um processo de aprovação baseado em um questionário de risco sócio-ambiental e um estudo de viabilidade técnico econômico que inclui um estudo do solo limpo. Essa duas etapas iniciais são restritivas.

Agora, além dessa avaliação, os empreendimentos serão ainda analisados por uma consultoria terceirizada para verificar o critério de sustentabilidade do projeto e da obra e medir o grau de sustentabilidade.

A idéia central é avaliar todos os impactos ambientais dos novos empreendimentos, explica Antônio Barbosa, diretor de crédito imobiliário do banco. O estudo determina um patamar mínimo de adequação e as construções consideradas sustentáveis recebem uma placa. "Aprovação acima de 70% recebe o reconhecimento que faz parte do programa Real Obra Sustentável".

Até hoje, duas obras foram certificadas pelo programa, com financiamentos que somam cerca de R$ 35 milhões: o Terra Nova Garden Village, da Rodobens; e o Ecolife Independência, da Ecoesfera Empreendimentos Sustentáveis e da PDG Realty.

A placa de reconhecimento para o Ecolife será entregue hoje. O empreendimento conta com 16 itens ecológicos, como painel solar, captação de água de chuva para irrigação das áreas verdes e a contratação de uma empresa de consultoria para auxiliar na capacitação dos funcionários.

Além do ganho do ponto de vista de imagem do projeto, o selo do Real agrega também ganhos financeiros, segundo o diretor do banco.

Para ele, o comprador ganha ao exercer o consumo consciente e tem um condomínio mais barato. Segundo levantamento do banco, as benfeitorias levam a uma diminuição de cerca de 20% na taxa de condomínio para o consumidor final.

O programa é ainda um diferencial para a construtora. Estudos apontam que o preço de revenda de projetos desse tipo tem um ganho. Além disso, há um aumento na velocidade de vendas de até 50% por conta dos atrativos. Já o banco, afirma Barbosa, "ganha ao implementar a crença de sustentabilidade e criar diferencial em relação à concorrência".

Essa é uma tendência que vem ganhando força no mercado. Atualmente, outras 16 empresas de construção civil têm obras em processo de avaliação pelo banco.