Título: Buscas em delegacia lacrada
Autor: Álvares, Débora; Santana, Ana Elisa
Fonte: Correio Braziliense, 15/02/2011, Brasil, p. 10

Dois dias após a Operação Guilhotina vir à tona, novas denúncias de corrupção policial levaram o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, a ordenar que a Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) fosse lacrada na noite de domingo. Ontem à tarde, depois que a Controladoria-Geral do órgão fez buscas na unidade, Turnowski apresentou documentos encontrados que, segundo ele, comprovam os indícios de irregularidades. Agentes apreenderam, também, três revólveres, uma pistola e duas espingardas calibre .12 sem registro.

O chefe da Polícia Civil recebeu, durante o fim de semana, a informação de que agentes da Draco receberiam dinheiro para arquivar inquéritos a respeito de fraudes em licitações de empresários e prefeituras do estado. De acordo com Allan Turnowski, foram encontrados dois documentos que apuravam fraudes da prefeitura de Rio das Ostras, na Região dos Lagos do Rio. Um deles foi arquivado apenas dois dias depois da abertura, com a justificativa de ¿falta de provas¿. Os papéis tinham as assinaturas do então delegado responsável pela Draco, Cláudio Ferraz, e de um inspetor.

Em nota enviada pela prefeitura de Rio das Ostras, a procuradoria-geral do município negou que tenha envolvimento com qualquer esquema de corrupção relacionado à Draco. O delegado Cláudio Ferraz afirmou, ao sair do prédio da delegacia, que a varredura não o surpreende. ¿Estou tomando conhecimento do que está acontecendo para depois, se for o caso, eu prestar declarações. É um constrangimento. Não há a menor dúvida¿, disse Ferraz.

Segundo o chefe da Polícia Civil, a vistoria na Draco foi autorizada pelo secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, e as buscas continuarão até que se apurem todas as denúncias. (DA e AES)