Título: Obras de Angra 3 serão retomadas no 2º semestre
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Fonte: Valor Econômico, 11/04/2008, Brasil, p. A2

As obras da usina nuclear de Angra 3 vão começar no segundo semestre deste ano, depois de 22 anos paralisadas. A informação foi dada ontem pelo presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, ao afirmar que a empresa espera receber ainda neste mês a licença prévia ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), depois de terem sido realizadas oito audiências públicas.

Nos próximos meses, a empresa espera receber a licença de construção - que é concedida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). Pinheiro disse que, após o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ter autorizado, no ano passado, a retomada das obras da usina, o governo contratou a empresa suíça Colenco, que realizou novo estudo sobre os investimentos que serão necessários para a construção da usina, que terá 1.300 megawatts (MW) de capacidade.

A empresa suíça concluiu que serão necessários investimentos da ordem de R$ 7,3 bilhões para construir Angra 3, um pouco abaixo dos R$ 7,5 bilhões estimados em estudos anteriores realizados por outras empresas. O objetivo é colocar a usina em operação em meados de 2014.

A Eletrobrás ainda não definiu se a tarifa da energia gerada pelas usinas nucleares de Angra dos Reis continuará a R$ 120,35 por megawatt-hora ou se sofrerá algum reajuste para desafogar as contas da Eletronuclear. Outra possibilidade em análise pela Eletrobrás é a mudança do modelo de comercialização da energia gerada por Angra 1 e Angra 2, que atualmente é vendida por Furnas Centrais Elétricas, também empresa subsidiária da Eletrobrás.

De acordo com o presidente da Eletronuclear, o atual preço de R$ 120,35 por MW/h é "um pouquinho apertado", embora, segundo ele, a empresa opere atualmente no ponto de equilíbrio, sem entrar no vermelho, com receitas de R$ 1,3 bilhão por ano.

Segundo Pinheiro, a tarifa atual não contempla custos com o projeto de Angra 3. "Mas não posso incluir nesta tarifa, por exemplo, os custos de armazenagem, que já foram pagos. A Eletrobrás é que definirá qual será a nova tarifa, levando em conta os aspectos legais", frisou Pinheiro. Além de alterar o valor da energia vendida pelas duas usinas, Pinheiro ressaltou que o modelo de negociação pode ser alterado. "Atualmente, vendemos para outra produtora. Vamos ver como acontecerá o divórcio", frisou o executivo.

Uma das alternativas para o modelo de negociação da energia gerada por Angra 1 e Angra 2 pode ser a adoção do modelo de Itaipu, no qual a Eletrobrás compra a energia produzida e faz um rateio entre as distribuidoras. A revisão do modelo de comercialização da energia gerada pelas usinas nucleares foi determinada pela resolução 03-2007, do CNPE. (Agências noticiosas)