Título: Energia para a Argentina depende de nível de reservatórios
Autor: Rosas , Rafael
Fonte: Valor Econômico, 11/04/2008, Brasil, p. A2

O governo federal ainda não bateu o martelo sobre o envio de energia para a Argentina durante o inverno. A decisão sobre o envio de até 400 MW para o país vizinho vai depender da situação dos reservatórios da região Sul, que fecharam ontem com 40,2% da capacidade preenchida, enquanto no Sudeste/Centro-Oeste e no Nordeste este percentual é de 80,5% e 74,8%, respectivamente, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

"Estão acontecendo conversas (com a Argentina), mas é claro que isso depende da segurança do sistema elétrico brasileiro. Mas se a situação foi de segurança aqui, não tem porque não dar uma mão lá. Se conseguirmos resolver a questão do Sul, poderá ser feito isso", frisou Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Segundo Tolmasquim, a situação dos reservatórios do Sul está "realmente abaixo da média", mas a situação no Nordeste e no Sudeste/Centro-Oeste está compensando a falta de chuvas no Sul. Atualmente, o sistema interligado está enviando entre 4 mil MW e 4,5 mil MW para os três Estados do Sul.

"Em 2006 houve a pior seca no Sul dos últimos 70 anos e mandamos para lá cerca de 6 mil MW. Hoje, o Sudeste está mandando uma quantidade boa, mas não é o máximo", disse Tolmasquim, que participou ontem de seminário no Rio.

De acordo com ele, na época do racionamento de energia, em 2001, o efeito foi contrário. Enquanto os reservatórios do Sul vertiam água, no Sudeste a escassez de chuvas trouxe o temor de apagão. "Desde então dobrou a capacidade de envio de energia entre Sul e Sudeste e é esta margem que dá capacidade de mandar energia para o Sul", afirmou Tolmasquim.