Título: Empresários apontam barreiras a investimentos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 11/04/2008, Brasil, p. A4

Em busca de novas possibilidades de negócios com a Holanda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu ontem, em encontro com a ministra da Economia e lideranças empresariais, em Amsterdã, observações sobre as dificuldades encontradas por investidores holandeses no Brasil. A reunião, realizada na sede da Philips, foi fechada à imprensa. Segundo relato de participantes, a ministra Van Der Hoeven (Economia) apontou a alta taxação e a burocracia brasileiras como principais problemas para investimentos no país.

A ministra e o presidente da Shell, Gert Witers, disseram a Lula que não há possibilidade de uso do etanol brasileiro na Holanda - e na União Européia - sem o certificado de garantia da sustentabilidade do produto. Lula reafirmou os benefícios do etanol produzido no Brasil, descartando danos ao meio ambiente, risco de desmatamento e prejuízos à produção de alimentos. Em entrevista à imprensa alemã, a ministra disse que o presidente brasileiro foi convincente.

Está prevista para hoje a assinatura de documentos entre Lula e o primeiro-ministro Jan Peter Balkenende, entre eles um para a constituição de um grupo de trabalho destinado ao estudo da certificação do etanol brasileiro.

No encontro com Lula, o presidente da Philips, Gerard Kleisterlee, falou sobre o crescimento da economia brasileira, mas disse que o país precisa resolver problemas de infra-estrutura, principalmente na área de transporte. Empresários do setor portuário defenderam a necessidade de modernização dos portos brasileiros.

Lula anunciou o lançamento da política industrial, em alguns dias, com medidas de estímulo à exportação e ao investimento produtivo, e manifestou a expectativa de aprovação da reforma tributária. O presidente fez uma explanação sobre os avanços da economia, deu garantias de que a política econômica não será alterada, lembrou que não há mais dívidas com o Fundo Monetário Nacional (FMI) e reafirmou os argumentos em defesa do etanol produzido no Brasil.

Lula concordou com a necessidade de certificação de garantia do etanol, que já estaria sendo estudada pelo Inmetro, admitiu a necessidade de modernização dos portos - uma das áreas para as quais o governo brasileiro quer atrair investimentos holandeses - e relatou a iniciativa do seu governo de criar uma pasta exclusiva para o setor. Fez explanação sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), contando haver um comitê gestor para acompanhar as obras.

Nos últimos anos, a Holanda ocupa as primeiras posições no ranking de investidores externos no Brasil. Liderou a lista em 2002, quando houve aquisição do Banco Real pelo ABN Amro, 2004, em que houve a associação entre a AmBev e a Interbrew, e 2007, marcado pela aquisição da Arcelor Brasil. Em 2007, os o investimento da Holanda no Brasil atingiram US$ 8,12 bilhões, seguidos dos EUA (US$ 6,04 bilhões), Luxemburgo (US$ 2,86 bilhões), Espanha (US$ 2,16 bilhões) e Alemanha (US$ 1,80 bilhão).

A visita de Lula à Holanda termina hoje, com novo encontro com o primeiro-ministro, assinatura de acordos e participação no encerramento do seminário empresarial "Brasil-Países Baixos, Oportunidades de Negócios". Hoje à noite, embarca para a República Tcheca. (RU)