Título: Vipal escolhe México para sua primeira fábrica no exterior
Autor: Bueno , Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 14/04/2008, Empresas, p. B7

A Borrachas Vipal, fabricante de produtos para reformas e reparos de pneus e câmaras de ar, bateu o martelo sobre a localização de sua primeira fábrica no exterior. A unidade, que exigirá investimentos de US$ 40 milhões, será construída no Estado mexicano de Aguascalientes e começará a operar na metade do ano que vem com capacidade instalada anual de 14,4 mil toneladas para atender o mercado local e também os Estados Unidos e países da América Central.

Segundo a diretora de negócios internacionais da Vipal, Maria Locatelli, a nova operação dará fôlego para elevar a participação do mercado externo, incluindo exportações a partir do Brasil, do 11% hoje para cerca de 20% do faturamento em dois anos. Em 2007, a empresa apurou receita bruta de R$ 913,9 milhões, apenas 1% acima o ano anterior, devido às dificuldades de ampliar a já elevada participação de 43% sobre a demanda nacional do setor, explicou a executiva.

O lucro líquido, entretanto, cresceu 58,2%, para 88,6 milhões, beneficiado pelo aumento das margens e pelos ganhos financeiros líquidos de R$ 32,1 milhões (ante as despesas financeiras líquidas de R$ 3 milhões em 2006) obtidos principalmente a partir de receitas cambiais em operações de hedge e com Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACC).

A empresa opera hoje a plena capacidade nas três plantas em Nova Prata, no Rio Grande do Sul, que podem fabricar 144 mil toneladas por ano, desde pequenos remendos de borracha até bandas de rodagem pré-moldadas para pneus de grande porte com as marcas Vipal, Tortuga e Ruzi. Em julho, será inaugurada também uma nova unidade em Feira de Santana (BA), capaz de produzir 72 mil toneladas por ano.

Cerca de 30% do volume fabricado hoje é exportado, mas a participação do mercado externo sobre o faturamento é menor do que esse percentual devido ao câmbio e ao perfil dos produtos embarcados. Com as fábricas de México e Bahia, que elevarão a capacidade instalada total a 230 mil toneladas/ano, a fatia dos negócios no exterior permanecerá a mesma sobre a produção física mas crescerá em relação às receitas. É que a operação mexicana será focada em pré-moldados, que têm maior valor agregado, disse Maria.

A Vipal vende seus produtos para concessionários autorizados no Brasil e na América Latina, que fazem as reformas e os reparos de pneus principalmente para transporte pesado, e também para empresas independentes do setor nos Estados Unidos, Europa e demais mercados, como Austrália, Nova Zelândia e Oriente Médio. As exportações são apoiadas por nove centros de distribuição, sendo três nos Estados Unidos, além da Argentina, Chile, México, Alemanha, Espanha e Eslovênia.

No Brasil, a rede é formada por 300 concessionários das três marcas. Na América Latina são outros 50, mas o número poderá chegar a 80 até 2010, puxado pelo México. O país tem nove reformadores credenciados, mas com a fábrica local deverá passar a pelo menos 20 em um ano e meio. A empresa também vê boas oportunidades para crescer em mercados como Colômbia, Peru e Equador. Um pneu reformado pode custar até um terço do preço de um novo, tem a mesma durabilidade e reduz o descarte de produtos ruins ao ambiente, disse a diretora.

De acordo com a executiva, o México foi escolhido para sediar a primeira fábrica no exterior porque é uma "porta" para chegar aos Estados Unidos, o maior mercado de reformas de pneus do mundo, com cerca de 15 milhões de unidades processadas por ano. O próprio México é o terceiro no ranking, com 1,8 milhão de pneus por ano, atrás do Brasil, com 11 a 12 milhões, dos quais 75% são destinados aos setores de transportes de carga e de passageiros.

Com a produção local para atender aos mercados da América do Norte e América Central, os custos de transporte sofrerão "brutal" redução em comparação com as exportações a partir do Brasil e os estoques no centro de distribuição do México poderão cair para menos da metade dos 60 dias atuais, informou Maria. Além disso o governo de Aguascalientes ofereceu vantagens fiscais, facilitou a aquisição do terreno de 32 mil metros quadrados no parque industrial San Francisco, onde a fábrica será construída, e dará apoio no treinamento dos 225 funcionários que serão contratados na região.