Título: Matemática é a arma
Autor: Nunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 16/02/2011, Política, p. 2

Com apelos à credibilidade dos acordos firmados entre governo e centrais sindicais e a necessidade de um planejamento seguro do orçamento, dois dos emissários do Palácio do Planalto enviados ao Congresso ontem para tentar dobrar a oposição foram o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio. A dupla foi escalada pelo governo para apresentar as contas públicas e a estratégia elaborada pela equipe econômica de implantar uma política de reajuste do mínimo até 2015.

Os dois fizeram jornada dupla e também apresentaram exposições para as bancadas do PSDB e do DEM. Primeiro a falar, Barbosa mostrou números e defendeu que o um aumento real acumulado do salário mínimo desde 2003 foi de 53,7%. O secretário executivo da Fazenda rebateu ainda a argumentação das centrais sindicais, que pedem ao governo o mesmo incentivo concedido aos empresários na crise econômica de 2009. Ele reforçou que as medidas adotadas na época serviram para manter o emprego dos trabalhadores.

Hoje, o reajuste do mínimo é baseado na soma do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores mais a soma da inflação do exercício passado. Por conta do PIB negativo verificado em 2009, o reajuste do piso para 2011 seguirá apenas o índice de inflação de 2010. ¿Não podemos tratar este ano como excepcionalidade, porque não houve penalização dos trabalhadores¿, justifica Barbosa. O secretário executivo ainda reforçou que o mínimo estabelecido pela equipe econômica ajudará o governo a reduzir juros e a conseguir o teto da meta de superavit primário (reservado ao pagamento de juros da dívida pública). ¿A inflação tem uma dinâmica e vai ceder gradualmente. Com alguns produtos, como feijão e arroz, isso já está ocorrendo. A inflação pode chegar ao centro da meta já no início de 2012¿, previu.

Apelando para a credibilidade política dos acordos, Luiz Sérgio pediu à oposição que acompanhasse o acordo firmado entre governo e centrais em 2006, que estabeleceu a política de reajuste salarial dos trabalhadores até 2012. O ministro explicitou o receio de que a falta de compromisso com as regras acertadas em conjunto contamine a discussão sobre os reajustes pelos próximos quatro anos. ¿A credibilidade é a base dessa política que precisamos sustentar.¿ (II)