Título: Seguro para carga vai a R$ 1,4 bi
Autor: Júnior , Altamiro Silva
Fonte: Valor Econômico, 14/04/2008, Finanças, p. C14

O crescimento da economia aqueceu o mercado de seguros para transporte de cargas. Restrito a poucas seguradoras no passado, o segmento atraiu cerca de 20 companhias. Uma delas, a Liberty Seguros, lança esta semana uma apólice diferente, voltada para o transporte no Cone Sul (Brasil, Argentina e Chile).

O lançamento do seguro envolveu o Banco Central e as unidades da seguradora nos três países. Tudo isso para viabilizar o pagamento de sinistros fora do Brasil em um tempo menor. Normalmente, o trâmite dura entre 90 e 120 dias quando algum problema com a carga ocorre fora do Brasil e é necessário enviar recursos. Isso porque, além dos papéis na seguradora, é preciso o aval do IRB-Brasil Re para conseguir a autorização do BC para o envio do dinheiro.

Luiz Carlos dos Santos, diretor de transporte da Liberty, conta que a seguradora conseguiu com o BC que esta remessa seja feita entre as unidades da seguradora, eliminando uma série de burocracia. Com isso, o pagamento pode ser feito em menos de 30 dias no país onde ocorreu o sinistro, pela filial local da Liberty.

O seguro cobre todos os riscos com a carga e deve ser expandido para mais dois países em breve, Colômbia e Venezuela. Os prêmios com transporte representam 15% da carteira da Liberty. A filial brasileira tem a maior carteira de transporte da seguradora no mundo.

No mercado, as receitas estão em expansão. Este ano, no primeiro bimestre, os prêmios do seguro transporte no país subiram 9%, para R$ 248 milhões. No ano passado, o crescimento foi de 7%, para R$ 1,4 bilhão.

Esse crescimento, porém, tem sido acompanhado por uma expansão dos sinistros. Em relação ao primeiro bimestre de 2008, houve aumento de dez pontos na sinistralidade, para 63%.

"A opção brasileira foi para o transporte rodoviário, onde a falta de segurança e o precário estado das rodovias proporcionam acidentes e roubos constantes", afirma o consultor especializado no mercado de seguros, Luiz Roberto Castiglione. "As margens estão em declínio."

No passado, o principal tipo de sinistro era o roubo de cargas, superado atualmente pelos acidentes. Com as novas tecnologias, incluindo rastreadores e o gerenciamento de risco, o índice de roubo baixou para níveis "aceitáveis", segundo Santos, da Liberty. Atualmente, é possível acompanhar em tempo real, de qualquer lugar, o trajeto da carga. O novo produto da Liberty, por exemplo, inclui o gerenciamento de risco nos três países, por meio de acordos da seguradora com empresas locais.

Há três modalidades de seguro transporte - nacional, internacional e transportador. Os dois primeiros protegem a carga, contra roubo ou acidentes. O terceiro é uma apólice de responsabilidade civil, cobrindo os danos que a carga possa causar a terceiros.

Em 2007, além da economia mais aquecida, o setor também foi influenciado pela crise do setor aéreo. Com o apagão no setor, aumentou a demanda por transporte rodoviário de cargas, o que aqueceu ainda mais o segmento.

No ano passado, a principal causa dos sinistros foram os acidentes rodoviários, especialmente nas estradas de Minas Gerais e da região Centro-Oeste. No período, a sinistralidade cresceu quatro pontos em relação a 2006, para 58%.