Título: PSDB e DEM fecham pacto de não-agressão
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Fonte: Valor Econômico, 15/04/2008, Política, p. A11

FHC e Bornhausen: decanos dos dois partidos unem-se para reafirmar o petismo como adversário comum As cúpulas dos PSDB e do DEM selaram ontem em São Paulo um pacto de não-agressão nas eleições municipais de outubro que, na prática, abre caminho para as candidaturas à reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), contra o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB). Embora os comandos das duas legendas tenham evitado personalizar o acordo apenas à sucessão paulistana, o discurso foi de que o principal adversário de ambos é o PT. Em São Paulo, a ex-prefeita e ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), lidera as pesquisas de intenção de voto, à frente de Alckmin e Kassab.

"Mais importante é a tentativa, primeiro, de ter entendimento no maior número de municípios que pudermos. Onde não houver condição de trabalhar juntos, o entendimento é de que, mesmo no calor da eleição, tenhamos clareza de que nosso adversário não é quem está ao nosso lado, não é o PSDB. É o PT e seus aliados", afirmou o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).

O deputado disse ainda que "a partir do processo eleitoral em 5 de julho, teremos um caminho conjunto, uma convivência, uma relação para que, com certeza, os dois partidos estejam juntos no segundo turno".

Para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a intenção das duas legendas é de que nos locais em que os partidos estiverem com problemas de aliança as cúpulas deverão atuar em prol de um ação "solidária". "Nós vamos ter um comparecimento ativo em certas áreas de crise, nas quais o partido vai estar presente e o DEM também. Queremos ter uma ação solidária em todo lugar", disse.

Nas últimas semanas na capital paulista correligionários dos dois partidos vêm trocando críticas. Guerra disse que um código de conduta será firmado nacionalmente. "Vamos trabalhar para que as regras que devem presidir nossa conduta nas próximas eleições sejam acertadas entre nós e vamos fazer isso agora. Como nos comportaremos no geral. As áreas de dificuldade são reais mas já há muita coisa equacionada entre nós e é desejável que outras se resolvam ainda."

Participaram da reunião, pelo PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o líder na Câmara, José Aníbal (SP), o senador Arthur Virgílio (AM), a senadora Marisa Serrano (MS), o senador Sérgio Guerra e o deputado Rodrigo de Castro (MG). Pelo DEM, o deputado Rodrigo Maia, o ex-senador Jorge Bornhausen (SC), o senador Marco Maciel (PE), o líder na Câmara, ACM Neto (BA), o senador Agripino Maia (RN).

Além do pacto de não-agressão, ficou definido ainda que não serão votadas alterações nas regras eleitorais. A decisão é uma reação à rumores de que a base governista planeja alterações que possibilitem o terceiro mandato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Não vamos votar no Congresso mudanças que tenham a ver com regras eleitorais. Qualquer forma de casuísmo será observada pelos partidos no Congresso."

A discussão sobre a eleição municipal monopolizou a reunião apesar da recomendação do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que, mais cedo, havia feito um apelo para que o comando de seu partido evitasse discutir a eleição municipal. Serra recomendou cuidado ao tratar o tema. (Com agências noticiosas)