Título: Curitiba inaugura cartão sem contato
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 15/04/2008, Finanças, p. C12

A cidade de Curitiba vai se tornar o primeiro município brasileiro a trabalhar com cartões de crédito sem contato - os plásticos que permitem pagamentos apenas por aproximação da leitora. A experiência deve ser feita no transporte urbano da cidade, onde os terminais já começaram a ser instalados.

Até maio, toda a rede de ônibus da capital do Paraná deve contar com as leitoras, segundo Maurício Almeida, da Grid Info e do Instituto Curitiba de Informática (ICI). A Grid foi a empresa que desenvolveu o software com base no padrão definido internacionalmente para o pagamento por proximidade.

Dois bancos emissores já se interessaram pelo projeto, segundo o executivo, que preferiu não citar os nomes. Na prática, a operação é semelhante a outros tipos de cartão. A diferença é a tecnologia. O banco emite um plástico com a tecnologia de pagamento sem contato, que vai poder ser usado para pagar as passagens de ônibus na capital, com as despesas na fatura mensal. A Grid está instalando as leitoras em praças de alimentação de seis shoppings centers da cidade, para estimular o uso do cartão.

Um segundo momento será a licitação do banco de dados do transporte urbano da cidade. São 1,2 milhão de pessoas que usam o cartão de transporte local para o pagamento das viagens na cidade. Os bancos podem usar esta base para oferecer os cartões de crédito sem contato.

Para viabilizar a operação, Almeida conta que as taxas cobradas dos estabelecimentos vão ser muito baixas, menores que os 1,2% cobrados, em média, de grandes redes de supermercados. "Se não for assim, a operação no transporte urbano fica inviável."

Grandes bancos estrangeiros já dominam esta tecnologia, como foi discutido ontem na Cards, feira que reúne executivos do setor de cartões em São Paulo. O Citi tem um projeto semelhante no metrô de Nova York. Já o HSBC tem experiência com o metrô londrino.

"Os bancos querem expandir o uso do cartão para as classes de menor renda. Ninguém tem mais acesso a estas classes que o transporte urbano", diz Almeida. Uma das mais cobiçadas bases é a dos usuários do transporte paulistano. São nada menos que 14 milhões de cartões (o Bilhete Único) emitidos em São Paulo, dos quais 7 milhões têm dados cadastrais conhecidos. "A busca por rentabilidade adicional desta operação é inevitável", diz José Carlos de Souza Martinelli, diretor de receita e remuneração da SPtrans, a empresa municipal que cuida do transporte da cidade. São feitas nada menos que 450 mil recargas por dia do Bilhete Único. Segundo ele, uma das possibilidades será os bancos também fazerem este serviço.