Título: Commodity ultrapassa US$ 114 em Nova York
Autor: Capela , Maurício
Fonte: Valor Econômico, 16/04/2008, Empresas, p. B8

A contínua desvalorização do dólar, a queda dos estoques de derivados de petróleo nos EUA e o fechamento de alguns terminais de exportação da commodity no México empurraram o preço internacional do barril de petróleo para mais um recorde. Desde o início do ano, a matéria-prima já se valorizou cerca de 18% e, em um ano, acumula alta de aproximadamente 80%.

Ontem, na Bolsa Mercantil de Nova York, o contrato para maio deste ano foi negociado ao valor recorde de US$ 113,79, alta de US$ 2,03. Mas durante o pregão o barril ultrapassou a marca histórica de US$ 114. Já na Bolsa Internacional do Petróleo de Londres, o barril do tipo Brent também para maio não ficou atrás e fechou em novo patamar. Terminou a sessão cotado a US$ 111,31, o que significou um acréscimo de US$ 1,47.

As recentes altas ao longo deste ano têm levado algumas autoridades a duros pronunciamentos contra a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que responde por 26% do consumo global. O último deles partiu do primeiro-ministro britânico Gordon Brown. "Nós não estamos produzindo óleo suficiente. E temos que adotar uma ação coletiva para persuadir a Opep a ampliar sua extração", disse Brown durante entrevista à "Sky Television". Antes do primeiro-ministro britânico, o presidente dos EUA, George W. Bush, já havia pedido uma ação pró-ativa por parte do cartel.

Analistas ouvidos pelo Valor, contudo, tem sustentando que o petróleo tem cada vez mais perdido sua relação com os fundamentos de oferta e demanda. Hoje, há um equilíbrio entre os dois indicadores em um patamar de 85 milhões de barris por dia, o que não justifica a disparada. Segundo eles, a crise das hipotecas nos EUA motivou os fundos de investimento a colocarem recursos no petróleo.

Um bom exemplo dos reflexos da crise pode ser visto na relação entre dólar enfraquecido e petróleo. O indicador que mede o desempenho da moeda americana frente uma cesta de outras divisas (euro, o japonês iene, a britânica libra esterlina e três outras) mostra que a simples queda de um patamar de 76 mil pontos no início de 2008 para os atuais 72 mil provocou um ganho de US$ 15 no barril.

Segundo Lucas Brendler, analista de Investimento da Geração Futuro Corretora, desta vez, a alta do petróleo será sentida no Brasil. "A combinação entre real estável e petróleo em alta obrigará a Petrobras a reajustar a gasolina em cerca de 5% no terceiro trimestre deste ano", aposta. O preço da gasolina não sobe no país desde setembro de 2005. (Com agências internacionais)