Título: Linha da Finep tem baixo interesse
Autor: Barros , Bettina
Fonte: Valor Econômico, 16/04/2008, Agronegócios, p. B13

Apenas 20% dos R$ 80 milhões disponibilizados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para o financiamento de projetos ligados à geração de créditos de carbono foram comprometidos até o momento. A linha, do programa Pro-MDL, foi lançada em dezembro de 2006 como uma alternativa para empresários brasileiros, que em grande parte recorrem a consultorias especializadas ou a bancos como forma de financiamento.

"O agente financiador coloca uma taxa de deságio grande, e isso traz mais desincentivos (sic) que incentivos", disse Fabrício Brollo, chefe do Departamento de Agronegócio da Finep, durante o Carbonmarkets Americas, seminário realizado ontem em São Paulo. "Esperávamos procura maior, mas ainda falta conhecimento e divulgação no país".

O nome do projeto refere-se ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, previsto no Protocolo de Kyoto para o combate ao aquecimento do planeta. Por meio do mecanismo, países ricos e com metas de redução de gases do efeito estufa investem em projetos de tecnologia limpa nos países em desenvolvimento. Dessa forma, conseguem compensar as suas próprias emissões em casa.

Vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), a Finep oferece a linha com prazos de até três anos de carência e mais sete anos de amortização. Ela está atrelada à TJLP (taxa de juros de longo prazo) mais 5%, o que totaliza 11,25% ao ano. Segundo Brollo, a Finep entra com até 90% do valor total do projeto.

O órgão oferece ainda uma segunda linha para o financiamento de novas tecnologias para a redução de gases de efeito estufa, atreladas à TJLP menos 5%, que leva a uma taxa de 1,25% ao ano.

Dois projetos se interessaram pelo financiamento do governo. Um refere-se a uma empresa do setor de lácteos, na região Sudeste, e envolve R$ 1 milhão. O outro, de R$ 15 milhões, é para o desenvolvimento de uma tecnologia para carvão vegetal - que resultaria na menor emissão de gases.

Segundo Brollo, a grande vantagem da linha da Finep está no fato de ela não vincular o financiamento à futura venda de créditos de carbono, como ocorre com bancos e consultorias. "O detentor do projeto pode comercializar os créditos ao melhor preço que receber", disse ele.