Título: Previsão de desembolso recorde em 2008
Autor: Vieira , Catherine ; Rosas , Rafael
Fonte: Valor Econômico, 16/04/2008, Finanças, p. C7

Se em 2007 a captação de recursos pelos fundos de private equity foi a maior já registrada no Brasil, em 2008 será a hora de acelerar o aporte efetivo desses volumes. Esta é a visão de boa parte dos executivos do setor que participaram ontem do congresso anual da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap) no Rio. Para Álvaro Gonçalves, sócio da Stratus, este ano será de aportar nas empresas e projetos os grandes volumes que os fundos conseguiram captar, principalmente no ano passado. "Se 2007 foi o melhor ano em termos de captação, esse ano o recorde deve ser notado na efetiva aplicação desses recursos", diz Gonçalves.

Patrice Etlin, da Advent International, também está otimista com as perspectivas para o ano. Ele lembra que o mercado de ofertas de ações menos aquecido abre mais oportunidades para os fundos de private equity, que têm nos IPOs uma concorrência. "No ano passado, a esta altura do ano cerca de 26 ofertas, entre iniciais ou subseqüentes, já tinham ocorrido na bolsa, sendo que este ano, foram apenas três", disse. Ele observou porém que ainda existe uma fila de espera grande de empresas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que tornam-se alvos naturais. "Certamente nós e nossos concorrentes estão conversando com algumas delas", disse Etlin. A Advent captou um fundo de US$ 1,3 bilhão no ano passado.

O volume de recursos movimentado pelos investidores de private equity é difícil de ser mensurado. Dados da Empea, associação de participantes do setor nos mercados emergentes, estima que na América Latina, em termos de captação, o volume ficou em US$ 4,4 bilhões no ano passado. Segundo Gonçalves, há várias maneiras de calcular o tamanho da indústria. Ele lembra que, além de os dados de captação e de subscrição efetiva serem distintos, os volumes registrados Fundos de Investimento de Participações (FIPs) registrados na CVM, por exemplo, não computam os valores de vários fundos estrangeiros. "Estimo que o tamanho da indústria de private equity hoje esteja em cerca de US$ 7 bilhões em fundos estrangeiros que focam em Brasil e outros US$ 7 bilhões de fundos locais", diz.

Com o crescimento do setor no país, tem aumentado também a diversificação de estilos de investimento e setores de foco. Entre os setores que tem estado na mira estão os de biocombustíveis, principalmente o etanol, além do segmento de educação. A forma de investir, porém, difere. A Advent, por exemplo, tem como prioridade total as participações majoritárias, ou seja, de controle nos investimentos que faz. Outros fundos porém, como os focados nos grandes projetos de infra-estrutura e que têm fundos de pensão como cotistas, geralmente buscam co-investidores e posições minoritárias.

A necessidade e o crescente volume de investimentos em infra-estrutura no Brasil têm aumentado a procura dos fundos pelo setor. Um dos fundos que procura boas oportunidades no setor é o Darby Stratus. Segundo o diretor Marcelo Moraes, há R$ 400 milhões captados que devem ser investidos até 2011. Os principais focos são os setores de energia, logística, etanol e saneamento.

Outro fundo com interesse no Brasil é o Conduit Capital Partners, sediado nas Ilhas Cayman e que administra US$ 393 milhões. O Conduit procura oportunidades em Pequenas Centrais Hidrelétricas e unidades de produção de etanol, para aportar até US$ 160 milhões.