Título: Empresários pedem empenho a Lula e Bush
Autor: Landim , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 22/04/2008, Brasil, p. A6

Os CEOs de um grupo selecionado de grandes empresas de Brasil e Estados Unidos enviaram uma carta para ambos os governos em favor da Rodada Doha, da Organização Mundial de Comércio (OMC). Assinado por 20 presidentes de empresas, o documento solicita que os dois países exerçam sua liderança para atingir uma conclusão bem sucedida das negociações multilaterais de comércio ainda esse ano.

Do lado brasileiro, estão Coteminas, Banco Safra, Camargo Corrêa, Vale, Odebrecht, Embraer, Gerdau, Stefanini, Cutrale e Votorantim. Do lado americano, International Paper, General Motors, Cargill, Citibank, Motorola, Cummins, Intel, Coca-Cola, Illinois Tool Works e Alcoa. Esse grupo de CEOs foi formado recentemente a pedido dos governos de Brasil e EUA para sugerir medidas que contribuam para o incremento do comércio.

De acordo com Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e co-chairman do grupo pelo lado brasileiro, a mensagem é sintética e destaca a importância da conclusão das negociações nas áreas agrícola, industrial e de serviços. "Colocamos de forma enfática a importância do avanço na questão agrícola e de serviços", diz Gomes da Silva. "Dependendo dos termos da negociação, a indústria também pode ser beneficiada", completa.

Para Marco Antônio Stefanini, presidente da Stefanini IT Solutions, o Brasil tem muito a ganhar em serviços. "Nosso mercado já tem uma abertura grande. Somos competitivos. O Brasil poderia tratar de forma mais agressiva esse assunto", ressalta. Ele ressalta que o mercado mundial de serviços de tecnologia da informação gira em torno de US$ 1,2 trilhão. Desse total, US$ 700 bilhões são terceirizados e US$ 100 bilhões provém dos serviços offshore. Neste último caso, o serviço é prestado no Brasil ou na Índia, mas o cliente está nos Estados Unidos ou na Europa.

No documento, os CEOs reconhecem que "toda nação deve contribuir significativamente" para a conclusão da Rodada Doha. O documento reconhece que os países possuem temas politicamente sensíveis e preocupações econômicas - uma referência indireta a crise financeira nos EUA. Mesmo assim, insiste na conclusão de um acordo ambicioso e equilibrado na OMC.

O documento também menciona um futuro acordo bilateral entre Brasil e Estados Unidos. Segundo Gomes da Silva, da Coteminas, a função do fórum é fortalecer os laços econômicos dos dois países, portanto, um pedido de entendimento bilateral não poderia ser deixado de fora. Ele defende que, se não for possível alcançar um acordo irrestrito, Brasil e EUA deveriam investir em acordos setoriais. O empresário conta que as negociações entre os setores privados na área têxtil já estão caminhando.