Título: TNT investe para manter liderança
Autor: Nakamura , Patrícia
Fonte: Valor Econômico, 22/04/2008, Empresas, p. B6

Peter Bakker: orçamento mundial da empresa será de ? 450 milhões de euros, sem incluir recursos para aquisições A holandesa TNT está traçando uma estratégia para ampliar a liderança no mercado brasileiro de encomendas expressas, conquistada com a compra da transportadora Expresso Mercúrio, há um ano. Num período de cinco a dez anos, a empresa pretende investir ? 100 milhões nas operações locais, entre a aquisição de veículos, instalação de novos centros de armazenamento, ampliação do call center e no desenvolvimento de novas rotas rodoviárias que ligam o Brasil aos demais países da América Latina.

O orçamento não inclui investimentos em outras aquisições. "Não temos nada em vista, mas as compras não estão fora de cogitação, se identificarmos uma boa oportunidade de negócio" afirmou ao Valor Peter Bakker, presidente mundial da TNT.

Só neste ano, a TNT pretende comprar cerca de 400 veículos para a Mercúrio (entre caminhões, vans e comerciais leves) para ampliar e renovar a sua frota própria, que conta com 1,5 mil unidades. O próximo passo é promover melhorias nas rotas rodoviárias, de modo a expandir seus serviços por toda a América Latina. A deficiente infra-estrutura das estradas da região parece não preocupar Bakker. "As condições locais são muito parecidas com as que encaramos em outras regiões do mundo, principalmente na Ásia", afirmou o executivo.

A compra da Mercúrio por ? 151 milhões de euros, segundo Bakker, fez parte de uma estratégia mundial de crescimento da TNT. Junto com o Brasil, China e Índia formam os pilares de expansão da empresa para os próximos anos. "São países com grande potencial de crescimento econômico, que vão demandar cada vez mais serviços de entregas". Em 2006, a empresa comprou a indiana ARC, e, um ano antes, a Hoau Logistics Group, da China. Em comum, essas empresas limitavam suas operações ao mercado local; nesses países, a TNT apenas prestava serviços de remessas internacionais. As aquisições contribuíram para ampliar o faturamento da companhia em 10%, alcançando ? 11 bilhões de euros.

No país, a compra garantiu à TNT, segundo Roberto Rodrigues, presidente da TNT no Brasil, a liderança de mercado do nicho, com 15% de participação. De acordo com informações de mercado, apenas o segmento de encomendas expressas internacionais movimentou cerca de US$ 3 bilhões e cresce pelo menos 10% ao ano. TNT, UPS, DHL e Fedex estão entre as principais empresas do setor. "Com os investimentos locais, temos como objetivo crescer além do mercado", disse o executivo brasileiro.

O número de funcionários subiu de 200 para sete mil. Tamanho volume de encomendas já faz a empresa cogitar a operação de um avião exclusivo para levar encomendas brasileiras à Europa. A TNT viu também o número de clientes crescer consideravelmente. "A Mercúrio passou a atender a empresas de origem européia para remessas internas", afirmou Rodrigues. O presidente nacional da TNT, porém, faz mistério sobre o faturamento da empresa no Brasil. Sabe-se que, às vésperas de ser adquirida pela TNT, as operações da Mercúrio movimentavam o equivalente a ? 200 milhões de euros. A empresa vai definir até meados do ano se adota a marca TNT ou se permanece com o nome Mercúrio, que está no mercado desde 1946.

Peter Bakker afirmou que a TNT dará prosseguimento à estratégia de expansão em 2008. Tanto que o orçamento mundial de ? 450 milhões de euros para este ano não inclui investimentos em aquisições. A TNT está perseguindo a liderança global de remessas que tenham como origem ou destino a Europa. Com seus negócios focados no velho continente e nas economias emergentes, a TNT ainda não sentiu os efeitos da crise americana.

O grupo TNT passou por um processo de reestruturação em 2005, quando o grupo resolveu vender ao Apollo Management, dos Estados Unidos, seu braço de logística. A partir daí, centrou esforços para ampliar suas operações mundiais de encomendas expressas.