Título: Área hospitalar é um novo mercado para uso do cobre
Autor: Manechini , Guilherme
Fonte: Valor Econômico, 22/04/2008, Empresas, p. B8

Miguel Riquelme: "É possível reduzir sensivelmente o número de casos de infecção hospitalar" A indústria do cobre, assim como as de outros metais, tem buscado novos mercados consumidores em meio ao ciclo de alta dos preços das commodities verificado nos últimos dois anos. A estratégia é desenvolver aplicações para as ligas de cobre e ao mesmo tempo se precaver contra eventuais substituições por matérias-primas mais baratas. Atualmente, a principal aposta é a substituição do aço inox em equipamentos hospitalares, o que poderá significar um consumo anual de 500 mil toneladas do metal a partir de 2012.

Após obter o registro de metal bactericida pela agência de proteção ambiental dos Estados Unidos (EPA), a Associação Internacional do Cobre (ICA na sigla em inglês) está promovendo testes em hospitais dos Estados Unidos, Europa e Japão. Segundo Miguel Riquelme, diretor para América Latina da ICA, foram investidos US$ 10 milhões na comprovação da eficácia do cobre contra bactérias. "É possível reduzir sensivelmente o número de casos de infecção hospitalar", ressalta.

O mercado-alvo engloba a fabricação de mesas cirúrgicas, maçanetas, torneiras, pias e até cortinas. Além disto, a ICA acredita que o metal poderá ser utilizado também pela indústria alimentícia e em transportes públicos. "Nosso foco são locais aonde existe contato manual", destaca Riquelme. A aprovação do registro pela EPA levou em conta o tempo médio de vida das bactérias sobre as superfícies que contêm cobre, latão e bronze, cerca de 50 minutos.

De acordo com Antonio Maschietto Jr., diretor-executivo da ICA no Brasil (representada pelo Procobre), o primeiro passo para a utilização do cobre em grande escala por hospitais é a conscientização das indústrias que atuam na transformação do metal. "Os fabricantes atuais têm capacidade, basta que utilizem as ligas para a produção de qualquer modelo demandado por um hospital", afirma.

Maschietto informa que a intenção do Procobre é apresentar os resultados do estudo nos próximos meses à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A entidade também está realizando estudos para a utilização do cobre em redes de pesca e tintas para barcos. Outro mercado que merece atenção é o automotivo, no qual o uso do cobre pode ser intensificado na parte de transmissão dos veículos.

Encontrar novo nichos de mercado também é o objetivo dos produtores de alumínio. Na opinião de Luis Carlos Loureiro Filho, presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e diretor de vendas da CBA, o metal representará 100 quilos do peso de um automóvel em no máximo cinco anos. "Hoje um carro conta, em média, com 60 quilos de alumínio, mas o incentivo ao menor consumo de combustível irá ampliar a utilização."

Segundo ele, uma revolução seria substituir o aço pelo alumínio na chaparia. "O alumínio pesa um terço do do aço". E acrescenta: "É uma competição entre os produtos". A previsão da Abal para este ano é de que o setor automotivo represente 17% do consumo total de alumínio no país, o que representa cerca de 1 bilhão de toneladas.