Título: Cai a confiança dos consumidores da UE em produtos fabricados na China
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/04/2008, Empresas, p. B7

Metade de todos os produtos considerados perigosos apreendidos pelas autoridades alfandegárias e de segurança da União Européia veio da China, segundo informou a Comissão Européia na quinta-feira.

A União Européia destacou que tal proporção se explica, em parte, pelo imenso volume das exportações chinesas ao bloco econômico e pela fiscalização mais rigorosa, após o "verão (terceiro trimestre na Europa) de recalls" registrado no ano passado, quando a fabricante de brinquedos Mattel Inc. teve de substituir nas lojas milhões de brinquedos fabricados na China.

A União Européia alertou que a confiança dos consumidores nos bens produzidos na China caiu drasticamente e destacou que "será preciso trabalhar muito se a China quiser reconquistar a confiança dos cidadãos europeus em seus produtos."

No ano passado, o sistema de alerta rápido da UE detectou 1.605 produtos perigosos, 53% acima dos 1.051 verificados em 2006. As autoridades nacionais nos 27 países da UE valem-se do sistema para circular informações sobre produtos tóxicos, para acelerar os programas de substituição dos produtos.

Cerca de 25% dos alertas vieram de brinquedos, com carros e eletrodomésticos a seguir. O sistema não inclui alimentos.

"Mais de um em cada três produtos notificados era um brinquedo ou artigo para criança, mostrando a importância que as autoridades de fiscalização do mercado dão à vistoria dessa categoria", informou a União Européia em comunicado.

A China ainda é a principal origem dos produtos perigosos, segundo a UE, sendo que houve ligeiro aumento nas incidências relativas ao país em relação a 2006. Isso é reflexo do grande volume de comércio chinês (cerca de 80% do todos os brinquedos importados pelo bloco vêm da China), segundo a UE, e da maior fiscalização sobre os produtos chineses.

Os órgãos reguladores da UE informaram que as autoridades chinesas agora estão investigando muitos desses alertas, mas que tomaram providências em pouco menos da metade dos casos. Em cerca de 30% dos casos não foi possível localizar o fabricante.

As autoridades européias elogiaram os "esforços significativos" da China para aprimorar os controles dos brinquedos, mas destacou que o número de alertas mostra que ainda há grandes problemas com a segurança dos produtos no segmento de mercado de baixo padrão.

A China fez a auditoria de 3.540 fabricantes com licenças de exportação e 701 empresas perderam o direito de exportar, por terem sistemas de controle de segurança considerados insuficientes, de acordo com a UE.

A qualidade das exportações chinesas ficou sob os holofotes em março de 2007, depois de mortes de gatos e cachorros na América do Norte terem sido relacionadas a ingredientes de rações produzidos na China. Os receios aumentaram ainda mais depois de toxinas e produtos químicos potencialmente perigosos terem sido encontrados em vários produtos, como pastas de dente e peixes.

Depois, a Mattel Inc., dos Estados Unidos, anunciou programa mundial de substituição de mais de 21 milhões de brinquedos feitos na China. Produtos como acessórios da boneca Barbie e carros de brinquedo foram retirados das prateleiras por temores quando ao teor de chumbo na tinta dos produtos e pequenos ímãs destacáveis que podiam ser engolidos pelas crianças.

A UE informou que neste ano checará como as empresas controlam a segurança dos brinquedos e pressionará para que as empresas chinesas recebam treinamento sobre os padrões de segurança da UE.

Autoridades de segurança de produtos da UE e EUA visitarão a China, em conjunto, em setembro, para apresentar uma frente unida sobre questões de controle de qualidade nas negociações com os representantes chineses, segundo o bloco econômico.