Título: GP aumenta aposta no petróleo
Autor: Adachi , Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 18/04/2008, Empresas, p. B8
A San Antonio International, empresa de perfuração de poços de petróleo controlada pela GP Investimentos , fechou ontem a compra da Sotep, companhia brasileira do setor que presta serviços à Petrobras. Serão pagos R$ 190 milhões por 100% do capital da empresa.
San Antonio é o novo nome da antiga subsidiária latino-americana da Pride International, adquirida pela GP em agosto do ano passado por US$ 1,02 bilhão. A empresa, com sede na Argentina, tem também forte atuação na Colômbia, Venezuela, Bolívia e Equador, mas apenas pequenos negócios no Brasil e no México. Desde o início, a meta da GP é implementar um crescimento agressivo da empresa - orgânico e via aquisições - beneficiando-se do forte crescimento da extração de petróleo e gás na região.
"Com essa aquisição, a primeira da San Antonio, passamos a ter uma presença expressiva no mercado brasileiro de perfuração em terra", diz Octavio Lopes, sócio da GP responsável pelo investimento. A GP é a principal firma de private equity brasileira. Fundada em 1993, já captou US$ 3 bilhões em quatro fundos e comprou 45 empresas.
A Sotep, empresa familiar que pertencia a dois empresários, tem cerca de 30% do mercado de perfuração "on shore" (em terra) do país. Sua principal cliente é a Petrobras, que passa a ser também a maior cliente da San Antonio na América Latina. A empresa foi fundada em 1964 e opera sondas próprias, algo que se tornou estratégico com o aumento da demanda por equipamentos e a consequente elevação dos aluguéis.
Para financiar a compra, a San Antonio fará um aumento de capital de US$ 70 milhões. Desse total, o fundo GP IV poderá subscrever entre US$ 23 milhões e US$ 41 milhões em ações. "Vai depender do apetite dos nossos co-investidores. Já temos US$ 29 milhões comprometidos com eles", explica Lopes. O capital inicial da San Antonio era de US$ 420 milhões.
A receita anualizada da Sotep é de R$ 240 milhões e 90% dela é proveniente da atividade de perfuração de poços de petróleo no continente. Os demais 10% vêm de outros serviços ligados à perfuração, tanto em terra quanto em plataformas marítimas. No caso da San Antonio como um todo, a receita segue a mesma lógica, numa proporção de 75% e 25%.
A compra da Sotep representará um incremento de 14% na receita da San Antonio, que no ano passado ficou em US$ 1 bilhão.
Os holofotes têm estado voltados à descoberta de novos campos de petróleo em alto mar no país, primeiro com o campo de Tupy e agora com as especulações em torno do tamanho do campo Pão de Açúcar.
"Embora pouco se fale, o crescimento da exploração on-shore também tem sido expressivo", diz Octavio Lopes. De acordo com ele, devem ser investidos cerca de US$ 1 bilhão nesse segmento em 2008. "Com o aumento do preço do petróleo, poços que haviam deixado de produzir foram retomados pela Petrobras e, inclusive, tornaram-se altamente lucrativos."
A Sotep não descarta entrar no segmento off-shore de perfuração, mas essa decisão não foi tomada. "No curto prazo, nos concentraremos na atividade em terra", diz o executivo.
Depois de avançar no mercado brasileiro, a San Antonio deve focar em crescer no México. "É um mercado enorme e estamos analisando diversas alternativas, de crescimento orgânico ou por aquisições."
A América Latina, lembra Lopes, é a região do mundo em que os investimentos em extração de petróleo mais devem crescer em termos percentuais. Obviamente, partindo de uma base pequena na comparação com grandes regiões produtoras no mundo.