Título: Brasil vai demandar 332 novos aviões, prevê Airbus
Autor: Nakamura, Patrícia
Fonte: Valor Econômico, 24/04/2008, Empresas, p. B8

Até 2026, as companhias aéreas brasileiras vão adquirir 332 aeronaves comerciais, que serão usadas para ampliar e renovar frotas. A previsão foi divulgada ontem pela européia Airbus, que se baseou em suas projeções um crescimento anual do PIB de 3,8%, em média. Os novos aviões, com capacidade superior a 100 assentos, vão exigir investimentos de US$ 32 bilhões.

Segundo o vice-presidente de vendas para América Latina e Caribe da Airbus, Rafael Alonso, o crescimento da frota brasileira - das atuais 240 aeronaves para 461 - será impulsionado pelo desenvolvimento da economia local e do turismo, além da renovação da frota por modelos mais eficientes e menos poluidores. Segundo a Airbus, entre 2007 e 2026, serão vendidas 248 aviões de corredor único (como sua família A320, e a linha 737, da Boeing), 76 unidades de dois corredores e oito aeronaves de grande porte (como o A380).

O Brasil será o segundo maior comprador de aviões da região, atrás somente do México, que vai demandar, entre 2007 e 2026, 480 novas aeronaves, com desembolsos semelhantes aos das companhias brasileiras. Ao todo, a região deve adquirir 1.448 novos equipamentos no período, com investimentos de US$ 123 bilhões.

A Airbus pretende conquistar entre 60% e 65% das vendas de novas aeronaves, segundo Alonso, deixando para trás a Boeing. Hoje, 44% da frota brasileira é composta por aeronaves Airbus. A TAM e a OceanAir são suas maiores clientes. Para tentar alavancar os negócios na América Latina, a Airbus transferiu, em dezembro passado, parte de sua equipe de vendas de Toulouse, na França, para Miami.

Alonso disse que mantém conversas com a TAM para a venda do A380, maior avião de passageiros do mundo. A companhia aérea é "candidata" a maior compradora da aeronave na região, com quatro unidades. "Estamos estudando em quais rotas a aeronave poderá ser empregada". O Brasil poderá receber até 2026, dez operações diárias do A380. Européias que operam no Brasil, como Lufthansa, Air France e British Airways já cogitam utilizar a aeronave em rotas com destino ao Brasil, disse.

No mundo todo, a Airbus projeta uma demanda de 23,3 mil novos jatos comerciais e outros 877 aviões de carga no período entre 2007 e 2026. Os investimentos devem atingir US$ 2,8 trilhões, estimativa idêntica à da arqui-rival Boeing. A empresa americana, porém, prevê demanda de 28,6 mil aeronaves, incluindo jatos regionais (abaixo de 100 assentos).

As projeções mundiais da Airbus, de acordo com Alonso, levam em consideração o aumento do preço do combustíveis para o período, as intenções de compra das companhias aéreas (Estados Unidos e China serão os maiores compradores) e o fortalecimento do euro em relação ao dólar. Alonso afirmou a intenção da Airbus em transferir a produção do modelo A330 para o Alabama (EUA), em busca de custos menores. "A decisão vai depender da confirmação do contrato de venda de aviões-tanque para o governo dos EUA".