Título: Emergentes têm 41% da produção
Autor: Exman, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 12/04/2008, Economia, p. A19

A produção global somou US$ 59 trilhões em 2006, revelou ontem o Banco Mundial (Bird). A instituição destacou o desempenho dos países em desenvolvimento, cuja participação ficou em 41% do total. Em 2000, essa parcela era de 36%. Os dados constam do relatório Indicadores Mundiais de Desenvolvi- mento 2008. Segundo o documen to, com o avanço do processo de globalização, a importância dos países em desenvolvimento tem crescido. Esse movimento é liderado por Brasil, China, Índia e África do Sul, destacou o Bird. ­ As economias emergentes estão rapidamente se tornando uma parte muito significante da economia global ­ disse o economista-chefe e vice-presidente para Desenvolvimento Econômico da organização, Alan Gelb. Esse cálculo é feito por meio da paridade do poder de compra (PPP), usada para converter moedas locais em um único indicador. A PPP leva em conta as diferenças entre preços de produtos e serviços nos países. Por isso, possibilita a comparação entre os tamanhos das economias e o que se pode comprar com a mesma unidade monetária nesses locais. Por esse padrão de contabilidade, cinco países em desenvolvimento estão no grupo das 12 maiores economias mundiais. Os Estados Unidos detêm uma produção total de bens e serviços de US$ 13,2 trilhões. Ocupam o primeiro lugar do ranking divulgado pelo Bird. Em segundo lugar ficou a China, com US$ 6,1 trilhões. Japão e pulsionaram os emergentes foram o desenvolvimento tecnológico, melhorias no ambiente regulatório e reduções nos custos de comunicação. Apesar de citar o país como um dos responsáveis pelo crescimento da importância dos emergentes na economia global, o relatório Indicadores Mun diais de Desenvolvimento 2008 coloca o Brasil entre os piores lugares para se fazer negócios. Segundo o Bird, 82,8% das empresas brasileiras não declaram ao governo todos os negócios realizados. Ou seja, a informalidade é alta. É o mesmo nível verificado em Gâmbia (88,1%) e na Mauritânia (82,5%). Na Argentina, a taxa é de 49,1%. O Banco Mundial não divulga os dados referentes aos países desenvolvidos. A burocracia é outro entrave. Um empresário levava, em junho de 2007, 152 dias para abrir uma empresa no Brasil. O recorde é de Guiné-Bissau, onde o início de um negócio demorava 233 dias no mesmo período. Na República Democrática do Congo, são 155 dias. Os países mais rápidos são Canadá e Bélgica, com três e quatro dias, respectivamente.

FMI: país é exemplo pela taxa de investimento WA S H I N G T O N O Brasil é um exemplo para o resto da América Latina. A análise é do diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anoop Singh, para quem o significativo aumento das taxas de investimento verificado no Brasil aumentará o potencial de crescimento do país. ­ Essa é uma lição para o resto da região ­ declarou o diretor do Fundo. O executivo da organização disse que a América Latina e o Caribe reagiram bem até agora à crise financeira iniciada nos Estados Unidos e que já se espalha para outros mercados e estão mais preparados para enfrentar choques externos. Mesmo assim, sofrerão os impactos das turbulências internacionais. As condições de financiamento externo devem piorar, e a demanda pelos produtos exportados pela região deve cair por causa da turbulência internacional. Como os preços das commodities devem continuar altos, a expectativa de Singh é que, em média, os latino-americanos se fortaleçam nos próximos meses com a disparada dos preços dos alimentos. RANKING ­ Alan Gelb, do Bird: Brasil está no 10º lugar em produção

Cinco países em desenvolvimento estão no grupo das 12 maiores economias globais Índia vêm em seguida, com res- pectivamente US$ 4,2 trilhões e US$ 2,7 trilhões. O Brasil (US$ 1,6 trilhão) está na décima colocação, atrás de Alemanha (US$ 2,7 trilhões), Reino Unido (US$ 2 trilhões), França (US$ 1,9 trilhão), Rússia (US$ 1,8 trilhão) e Itália (US$ 1,7 trilhão). Em 11º e 12º ficaram México e Espanha, cada um com US$ 1,2 trilhão. Para o Banco Mundial, a melhora da performance dos países em desenvolvimento deve-se ao aumento da qualidade dos transportes aéreo e marítimo. Com a crescente eficiência dos fretes, esses países participaram mais do comércio internacional. Em 1990, a parcela dos emergentes no comércio mundial era de 16%. Tal percentual cresceu para 30% em 2006. A expectativa do Banco Mundial é que essa fração atinja 45% em 2030. Outros fatores que im