Título: Greve dos fiscais perde força e cargas já são liberadas
Autor: Landim , Raquel ; Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 25/04/2008, Brasil, p. A2

A greve dos fiscais da Receita Federal está perdendo força e o desembaraço de mercadorias começa a voltar a normal, conforme relatos de empresários ouvidos pelo Valor. Os auditores e o governo tiveram mais uma reunião ontem em Brasília e um acordo está mais próximo. Na avaliação do governo, inclusive, o fim da greve já foi negociado (ver coluna ao lado).

Ronaldo Fortes, diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), em Santos, diz que o embarque e desembarque de cargas está retornando a normalidade. Ele relata que os auditores voltaram ao trabalho em operação-padrão, o que significa um ritmo um pouco mais lento.

Wilson Périco, presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus (Sinaees), informa que a indústria obteve liminar da Justiça que autorizava os analistas tributários a assumir as funções dos grevistas. Após essa medida, os auditores retornaram ao trabalho e iniciaram a operação padrão.

Rogério Calil, secretário-geral da União Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), admite que os auditores retornaram ao trabalho, mas diz que o ritmo ainda não está normal. "A situação chegou em um ponto de estrangulamento do sistema portuário e rodoviário do comércio exterior", diz Calil. "Por isso, voltamos ao trabalho para evitar o caos". Ele refuta, porém, que isso signifique um enfraquecimento da greve.

Calil, admitiu que a reunião realizada ontem com o governo representou um " pequeno avanço " . Um encontro dos dirigentes da entidade está previsto para hoje com o objetivo de avaliar o que foi oferecido. Os funcionários estariam inclinados a concordar com a retirada de critérios de avaliação de desempenho considerados " incompatíveis " por eles. Os auditores vão avaliar se aceitam os reajustes escalonados propostos pelo Executivo: 24% neste ano, 9% no ano que vem e 5% em 2010.

Procurando ser cuidadoso com as assembléias marcadas para quarta-feira, Calil afirmou que, até lá, a greve continua. "É inverídica a informação segundo a qual aceitamos voltar ao trabalho", disse.