Título: Estoque da dívida sobe a R$ 1,35 trilhão
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 25/04/2008, Finanças, p. C3
O estoque da dívida pública federal (DPF), incluindo compromissos mobiliários e contratuais, aumentou 0,81% em março, passando a R$ 1,35 trilhão.
A dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi), que corresponde a 92,17% da DPF, elevou-se 0,63% no mês passado, alcançando R$ 1,25 trilhão. Esse crescimento do estoque da dívida interna foi provocado, principalmente, pelos juros de R$ 12,56 bilhões correspondentes ao período.
De acordo com informações do Tesouro, foram efetivamente pagos R$ 84,99 bilhões em juros da dívida pública mobiliária no ano passado. Esse montante exclui os juros das obrigações contratuais.
A dívida pública federal externa (DPFe) teve, em março, aumento de 2,94% no seu estoque, chegando a R$ 106,2 bilhões ou US$ 60,7 bilhões. Essa variação foi causada, em grande parte, pela desvalorização do real frente às demais moedas.
O Tesouro divulgou que foi verificada, em março, ligeira melhora na composição da dívida mobiliária interna. Aumentaram as participações de papéis prefixados (36,26%) e dos títulos ligados a índice de preços (27,39%), o que é pretendido pelo Plano Anual de Financiamento (PAF) para este ano.
Outro movimento procurado pelos gestores da dívida é a redução da parcela vinculada à taxa de juros (33,35%) e isso também ocorreu no mês passado.
Segundo as explicações do coordenador de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Guilherme Pedras, essa diminuição da fatia ligada à taxa Selic ocorreu porque o mês de março teve grande vencimento de LFTs (R$ 22,62 bilhões).
O perfil de vencimentos da dívida mobiliária interna também melhorou em março. A parcela dos títulos que têm vencimento de curtíssimo prazo (até 12 meses) caiu de 31,33% (fevereiro) para 30,63%. Por outro lado, o prazo médio da DPMFi aumentou em março, passando de 37,51 meses ara 37,80 meses.
Nos últimos 12 meses, o custo médio da dívida interna reduziu-se de 12,70% ao ano (fevereiro) para 12,62% (março). Isso ocorreu pela menor variação da Selic no período: de 1,05% em março de 2007 para 0,84% em março deste ano.
Mas o custo médio da dívida externa elevou-se nesses últimos 12 meses, de -7,01% ao ano (fevereiro) para -0,44% (março).
Segundo as explicações do Tesouro, o movimento foi provocado pela valorização do dólar (3,91% em março) contra a desvalorização de 3,20% no mesmo período do ano passado.
Pedras voltou a afirmar que a cobrança da alíquota de 1,5% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não reduziu o interesse dos investidores estrangeiros em títulos da dívida interna.
Ele acredita que isso deve-se à preferência por aplicações de longo prazo dos fundos de pensão e de investimento. Portanto, essa carga tributária não afeta esse tipo de investimento.
Segundo o coordenador de Operações da Dívida Pública, , a participação estimada dos não-residentes na dívida mobiliária interna aumentou de 4,96% (janeiro) para 5,68% em fevereiro.
Na análise do mercado, Pedras afirmou que continua a volatilidade típica da turbulência financeira internacional, o que dificulta traçar um cenário de tendências.
Considerando apenas a dívida mobiliária interna, março teve emissões de títulos que alcançaram R$ 32,27 bilhões. Nesse volume, 40,49% (R$ 13,1 bilhões) de papéis ligados à taxa de juros Selic, 35,32% (R$ 11,4 bilhões) em prefixados, 23,45% (R$ 7,6 bilhões) em títulos remunerados pela variação de índice de preços e 0,49% (R$ 200 milhões) em títulos indexados à Taxa Referencial (TR).
Os resgates da dívida pública interna ( DPMFi), em março, foram de R$ 36,97 bilhões, sendo que R$ 23,4 bilhões de vencimentos do mês e R$ 13,5 bilhões das operações de compra e troca de papéis.
No balanço das operações no mercado primário realizadas em março, a dívida interna teve resgate líquido de R$ 4,7 bilhões.