Título: Negócio pode abrir caminho para deflagrar consolidação
Autor: Magalhães, Heloisa; Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2008, Tecnologia & Telecomunicações, p. B3

É só o começo. A compra da Brasil Telecom pela Oi deverá abrir caminho para uma série de fusões e aquisições entre empresas de telefonia que até hoje ficaram latentes, à espera de mudanças na regulamentação.

A união entre as concessionárias, formando uma operadora com telefonia móvel em todo o país, e rede fixa e de banda larga em todos os Estados, exceto São Paulo, forçará uma reacomodação entre as demais empresas.

A próxima grande equação a ser resolvida diz respeito aos ativos da espanhola Telefónica. O grupo é dono da Telesp, concessionária de telefonia fixa de São Paulo, divide o controle da Vivo com a Portugal Telecom e é, desde o ano passado, integrante do bloco de controle da Telecom Italia, o que lhe dá participação na TIM.

Os espanhóis não escondem a ambição de assumir o controle da Telecom Italia. Se isso acontecer e o grupo acumular o controle de TIM e Vivo, terá 56% do mercado brasileiro de telefonia móvel.

As regras atuais impedem a sobreposição de licenças entre empresas de celular - tanto que a Telefónica comprometeu-se a manter separadas as duas operadoras para conseguir a aprovação do negócio na Anatel. Porém, visivelmente essa não é a situação ideal para o grupo, que não por acaso tem evitado críticas à operação envolvendo Oi e BrT. Uma mudança geral na regulamentação pode beneficiá-lo.

O governo já teria acenado com a possibilidade de a Telefónica unificar TIM e Vivo. Porém, isso dependeria também de um acerto entre a espanhola e a Portugal Telecom, que há anos vem resistindo em vender ao sócio sua fatia na Vivo.

Para alguns observadores, os próximos passos da Telefónica terão mais impacto do que a união entre Oi e BrT. Isso porque a consolidação dos negócios dos espanhóis provocará alguma concentração de mercado, enquanto na "supertele" não há sobreposição.

Outro negócio possível envolve a Net, operadora de TV paga cujo controle pertence às Organizações Globo, com 51%. A mexicana Telmex tem 49% e o direito de adquirir 2% da participação da sócia, tornando-se majoritária, se houver uma mudança na Lei do Cabo. Hoje, a legislação impede que estrangeiros controlem empresas de TV a cabo.

Também está em aberto o futuro da GVT, que surgiu como "espelho" da BrT. Dona de um modelo de negócios bem-sucedido, é cobiçada por outras empresas e agora tende a se valorizar mais ainda. A Telefónica é apontada como candidata a adquiri-la, embora os fundos de investimento que controlam a GVT digam que ela não está à venda. (TM)