Título: Um modelo de negócios mais eficiente e rentável
Autor: Rocha, Janes
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2008, Agronegócios, p. B14
O arrendamento para um "pool" de plantio foi a saída que o economista e consultor de empresas Juan Soldano encontrou para salvar suas terras e voltar a produzir. No fim dos anos 1990, quando seu país já entrava na pior crise financeira da história, que iria estourar em 2002, Soldano não tinha dinheiro para financiar a recuperação de sua fazenda, totalmente alagada em consequência de uma obra do governo da província.
Ele então contratou um engenheiro agrônomo que organizou um grupo de investidores para arrendar as terras e partiu para Brasília, aceitando uma proposta de trabalho na embaixada da Argentina. O "pool" recuperou a fazenda de 1,3 mil hectares que hoje produz trigo, soja, milho e têm uma área de engorda de gado que no ano passado rendeu 450 quilos por hectare.
"Depois que a fazenda foi arrendada para o 'pool' de plantio, a produtividade aumentou significativamente. A tecnologia aplicada [plantio direto mais genética de ultima geração] permitiu um crescimento na faixa de 2% a 3% por ano da produtividade, que agora está aproximadamente 30% superior a média da região", conta Soldano.
Economista e consultor de empresas, Soldano, de 47 anos, vive até hoje em Brasília, mas vem para a Argentina a cada três meses para visitar suas terras. Este ano ele se prepara para ampliar o "pool". "Vou reinvestir na minha própria terra e também em outras. Quero diversificar o portfólio de investimentos e também os riscos climáticos".
O agricultor Enrique Martín também apelou para o "pool" nos anos 1990, época em que, segundo ele, "o gerente do banco ganhava mais em salário do que o que eu ganhava nas minhas terras". Martín tem 1,2 mil hectares de uma propriedade herdada da família, no município de Venado Tuerto, província de Santa Fé. Em 1998, ele e a irmã montaram um grupo de investidores que começou com tios e primos e logo teve a adesão de amigos e vizinhos, advogados, professores e outros.
De acordo com ele, para cada investidor havia um contrato em separado. Chegou um ponto em que o "pool" de Martin reunia cinco sociedades anônimas e um fundo de investimentos, todos com contratos privados.
Quando veio a crise de 2002, a desvalorização inverteu o sinal da atividade agropecuária na Argentina e Martín, como todos os outros, passou a ganhar muito dinheiro. Ele conta que foi reinvestindo e hoje ocupa 12 mil hectares com produção na Argentina e 4,5 mil no Uruguai. (JR)