Título: Empréstimos reduzem prazos das obras
Autor: Travaglini, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2008, Finanças, p. C1

No ano passado, os empréstimos com recursos da poupança, usados para financiar a fase de construção dos imóveis, ficaram próximos de R$ 10 bilhões, também o dobro do ano passado. Somente nos dois primeiros meses desse ano, esses recursos já somam R$ 2 bilhões. A crescente oferta, além de melhorar a estrutura de capital da companhias já permitiu até mesmo a redução dos ciclos do negócio.

A maior parte desses créditos não tem impacto direto na alavancagem das incorporadoras, ao contrário dos recursos para capital de giro. Isso porque esses repasses, em geral, são direcionados diretamente para as Sociedades de Propósitos Específicos (SPEs), criadas para administrar a construção. Dessa forma, o risco fica reduzido, já que o mau desempenho de determinado projeto não afeta a construtora como acontecia no passado.

Com mais crédito as construtoras puderam, inclusive, reduzir o prazo médio das obras, afirma Frederico Carneiro da Cunha, diretor de incorporações da PDG Realty. Segundo ele, os prazos médios caíram de 36 meses para algo entre 15 e 18 meses.

Antes as empresas alongavam o prazo, pois os clientes pagavam todo o imóvel durante a construção e esses recursos eram usados como capital de giro. As companhias chegavam até a esperar um ano para começar as construções para ter um fluxo maior de pagamentos para usar como giro. Hoje, as empresas recebem os recursos da poupança de acordo com a quantidade de vendas de unidades.

A maior parte do dinheiro vem mesmo na entrega das chaves. Portanto, é interessante encerrar mais rapidamente a obra e iniciar outro empreendimento, afirma. O pagamento da dívida se dá com o financiamento do mutuário pelo banco. "Nosso foco não é financiar o cliente".

Os recursos ainda ampliaram a velocidade das vendas. Como o repasse é condicionado às vendas, há ainda um maior esforço nesse período. Em médias, depois de seis meses mais da metade das unidades já foram vendidas.

No segmento de baixa renda, esse novo desenho do setor é ainda mais determinante para o sucesso do empreendimento, já que a dependência do crédito pelas famílias é maior. Um produto que vem ganhando espaço é a linha que financia a obra desde o início. (FT)