Título: Com apoio nacional, Alckmin estrutura candidatura
Autor: Felício, César; Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2008, Política, p. A10
Com o aval da direção nacional do PSDB, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin pretende oficializar sua candidatura à prefeitura da capital com um ato reunindo toda a cúpula do partido, de modo a conseguir uma manifestação pública de apoio do governador José Serra;
O lançamento da candidatura obedecerá a um ritual: hoje, a Executiva Municipal da sigla, presidida pelo serrista José Henrique Reis Lobo, se manifestará sobre uma proposta a favor da candidatura própria do PSDB à prefeitura. Em paralelo, um ato com a participação de Alckmin e diversas lideranças, deverá ser organizado. No dia 5, é prevista uma reunião do Diretório Municipal para a aclamação de seu nome como candidato. Entre os dias 12 a 20, seria o lançamento oficial, com a presença de governadores, inclusive Serra, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da Executiva Nacional.
A concordância com o roteiro teria sido dada pelo presidente da sigla, o senador Sérgio Guerra (PE), assim que soube da decisão do PMDB paulista de apoiar Kassab. "Ele me disse que tínhamos que atuar imediatamente, que não podíamos perder nem mais um minuto para tratar dos interesses do PSDB", disse o deputado federal Edson Aparecido , vice-presidente nacional tucano e aliado de Alckmin. Sérgio Guerra está em viagem oficial no Japão. Conversou com aliados de Alckmin e com o próprio Serra por telefone.
Serra tem trabalhado a favor da reeleição do prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), vice em sua chapa quando era prefeito. Serra foi um dos principais articuladores da aliança entre DEM-PMDB, selada na semana passada, que reforçou a candidatura Kassab. A aliança pretende dar a Alckmin garantias de que os três partidos -PSDB, DEM e PMDB-apoiariam uma eventual candidatura sua ao governoe stadual. Para atrair alckmistas, o grupo de Serra sinalizou ainda que um dos aliados do ex-governador poderia ser o outro candidato ao Senado na coligação, ao lado do ex-governador pemedebista Orestes Quércia.
O ato em São Paulo pretende caracterizar a candidatura de Alckmin como de interesse estratégico para o partido como um todo. "Será uma demonstração da vontade nacional", disse o líder tucano na Câmara, José Aníbal (SP). Os próprios adeptos de Alckmin admitem que a proximidade entre Kassab e Serra tornam possível uma "cristianização" da candidatura do ex-governador por parte da ala serrista, mas apostam que o governador procurará evitar as traições partidárias. "Com certeza Serra estará conosco. Sabemos que ele tem compromisso com Kassab e tem de cumpri-lo. Mas agora é o partido que está tomando essa decisão e Serra, como homem de partido, apoiará Alckmin", considera o deputado federal Júlio Semeghini (SP). "Não tenho dúvidas de que Serra estará conosco", diz o deputado Silvio Torres (SP).
A aliança do PMDB com o DEM deu a Kassab o maior tempo de televisão e costurou o apoio pemedebista a Serra para a presidência, em 2010. Sem ter avançado a negociação com outros partidos políticos, Alckmin e seus aliados correm para tentar consolidar o apoio do PTB e atrair legendas do bloco de esquerda, composto pelo PSB, PDT e PCdoB. "Quem ficou fora do tempo foi Kassab, que anunciou o apoio do PMDB sem antes ter lançado sua candidatura. Os outros partidos ainda estão abertos para a negociação", comentou Silvio Torres.