Título: Preço em alta garante o resultado da CST
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 16/02/2005, Empresas &, p. B5

A alta dos preços do aço no mercado internacional garantiu bons resultados para a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) no balanço de 2004, a ser divulgado amanhã, segundo analistas de investimento ouvidos pelo Valor . A corretora Merrill Lynch, em relatório do analista Marcelo Aguiar, estima lucro líquido de R$ 455 milhões no quarto trimestre, com alta de 27% sobre o terceiro trimestre. Aguiar projeta ainda receita líquida de R$ 1,53 bilhão no período outubro-dezembro, com aumento de 15% sobre o trimestre anterior, e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) de R$ 773 milhões, 22% superior ao do terceiro trimestre. Segundo a Merrill Lynch, as ações da CST oferecem o maior potencial de crescimento e o mais alto "dividend yield" (dividendo em relação ao preço da ação) do setor siderúrgico brasileiro até 2006. No relatório, Aguiar adverte que a empresa tem também a maior exposição do setor ao aumento do preço do minério de ferro e à valorização do real ante o dólar. A CST consome cerca de 7,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano e tem como fornecedora a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que propôs aumento de 90% na matéria-prima. A CST tem contrato de longo prazo de fornecimento com a CVRD, mas não negocia preço diretamente com a mineradora. A siderúrgica paga o mesmo preço FOB, posto no porto, dos clientes europeus. Desta forma, o aumento que for determinado pela Vale no exterior valerá para os clientes no mercado interno, avaliou uma fonte do setor. São os clientes das grandes mineradoras na Europa, Japão e China que determinam, indiretamente, os preços a serem pagos pelo minério da CVRD no Brasil. Nos cálculos da Merrill Lynch, os preços internacionais das bobinas a quente em 2005 devem ficar 3% abaixo dos de 2004. Para o mercado interno, o banco projeta aumento de 8% nos preços das bobinas a quente da CST no primeiro trimestre. Um analista de banco que preferiu não ser identificado lembrou que a política de preços da CST, de reajustes trimestrais, está permitindo à empresa recuperar espaço (nos preços), enquanto as outras companhias do setor mantêm as cotações em patamares de estabilidade. O analista projetou lucro de R$ 464 milhões no quarto trimestre, lajida de R$ 816 milhões e receita líquida de vendas de R$ 1,56 bilhão no período. O volume de vendas, segundo ele, deverá atingir 1,19 milhão de toneladas no quarto trimestre. Relatório de Luiz Caetano, do Banco Brascan, indica lucro de R$ 424 milhões para a CST no quarto trimestre e de R$ 1,58 bilhão no acumulado de 2004, com alta de 74,6% sobre 2003. O lajida da CST previsto para o trimestre é de R$ 730 milhões e para o acumulado no ano, de R$ 2,38 bilhões. Outro analista de banco estrangeiro disse que, apesar de o volume de vendas estimado para a CST no quarto trimestre, de 1,2 milhão de toneladas, ser apenas 2% superior ao do terceiro trimestre, a receita líquida de vendas deverá subir 19% por força da alta nos preços do aço. Um interlocutor da CST disse que a empresa já aplicou "há tempos" o reajuste de preços válido para o primeiro trimestre de 2005 e que já negocia os aumentos para o segundo trimestre do ano. No mercado interno, a bobina a quente está sendo vendida na faixa de US$ 600 por tonelada enquanto que o preço FOB da placa situa-se em cerca de US$ 500 por tonelada.