Título: Vacinas 'limpas' contra aftosa no país
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 29/04/2008, Agronegócios, p. B13

As empresas de saúde animal que atuam no Brasil atenderam às recomendações do Ministério da Agricultura e começam a vender uma nova geração de vacinas contra a febre aftosa. As novas vacinas, chamadas de "purificadas" ou "limpas", são livres de proteínas não-estruturais e, por isso, têm remotas possibilidades de apresentar resultados dúbios em análises soroepidemiológicas feitas em gado com suspeita de contaminação.

Ou seja, essas análises serão capazes de definir com precisão muito maior se o animal está de fato doente ou se ele simplesmente foi vacinado e ainda apresentou sorologia positiva no teste feito. Dúvidas como essa foram freqüentes durante as investigações referentes aos últimos focos da doença confirmados no país, em 2005.

As primeiras vacinas "limpas" chegam ao mercado brasileiro pelas mãos da Merial, joint venture entre a americana Merck & Co. e a francesa Sanofi-Aventis, que garante já ter o produto disponível para a campanha nacional de vacinação que começa em 1º de maio.

Segundo o presidente do braço da multinacional no país, Alfredo Ihde, a empresa investiu cerca de R$ 6 milhões nos últimos quatro anos para tornar viável a produção em sua fábrica situada em Paulínia, no interior de São Paulo.

O papel da Merial no processo de difusão das vacinas "limpas" é importante em razão da liderança que a empresa exerce na área de vacinas contra aftosa. Segundo Ihde, a múlti distribui cerca de 30% dessas vacinas no Brasil, e no país a atividade representa 40% de seus negócios. A frente brasileira responde por entre 6% e 7% do faturamento global da Merial, que em 2007 foi de US$ 2,5 bilhões. O grupo atua em 150 países, nos quais emprega 5 mil funcionários.

Em 2007, segundo o Ministério da Agricultura, a campanha de vacinação contra aftosa imunizou 97% do rebanho do país. Nas duas etapas da campanha foram aplicadas 341,3 milhões de doses em 200,7 milhões de bovinos e bubalinos. Hoje, 59% do território é considerado pelo ministério livre da doença. O governo recomendou a aceleração do lançamento das vacinas "limpas" sob pressão da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). (FL)