Título: Consórcio bate recordes em 2004; Bradesco é o líder em automóveis
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 16/02/2005, Finanças, p. C2

Em um ano de recordes de vendas no setor de consórcios, o Bradesco assumiu a liderança no setor de automóveis, em um ranking tradicionalmente dominado por bancos de montadoras. Em 2004, foram comercializadas 1,72 milhão de novas cotas, um crescimento de 5% em relação a 2003, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) e do Banco Central divulgados ontem. Ao todo, o país conta com 3,4 milhões de consorciados, alta de 6,3% em relação a 2003. Para Consuelo Amorim, presidente da Abac, os números de 2004 confirmam que a preferência do consumidor, quando vai comprar um produto em parcelas, tem sido o consórcio. "A flexibilidade é muito maior e não há juros", diz. As projeções para 2005, são animadoras. Segundo ela, os números preliminares de janeiro de algumas instituições já indicam desempenho melhor que o do mês de dezembro. Recentemente grandes bancos começaram a apostar nos consórcios. Bradesco, Banco do Brasil, Unibanco e Itaú estão entre os que entraram na área nos últimos três anos. O ABN AMRO Banco Real e o Santander Banespa devem ser os próximos, segundo uma fonte do setor. O segmento de veículos (que inclui automóveis, motos, caminhões - nacionais e importados, novos e usados) é o principal mercado do setor. No ano passado, o crescimento se estabilizou. Ao todo, foram 2,7 milhões de consorciados em 2004, praticamente o mesmo nível de 2003. Uma das explicações, segundo Consuelo, é que as taxas de juros para o financiamento de automóveis caiu.

Mesmo assim, os carros vendidos via consórcios representam 10% das vendas de carros no mercado doméstico, segundo o BC. As motos continuaram sendo as mais procuradas, com 1,9 milhão de participantes em 2004, crescimento de 5,6% frente a 2003. A novidade no segmento dos carros foi a subida da Bradesco Consórcios para a primeira posição do ranking, superando empresas tradicionais no setor, como as administradoras da Volkswagen, da GM, e a Disal (formada por rede de concessionárias das Volkswagen). A administradora do Bradesco cresceu 172,83% em 2004, em número de consorciados ativos, o maior crescimento do setor de automóveis. A participação no mercado passou de 4,92%, em dezembro de 2003, para 12,86% em dezembro de 2004. O Bradesco começou a atuar em consórcios em 2003. Segundo o presidente da instituição, Celso Barbuto, entre os fatores que explicam o sucesso do banco no setor, em um período curto de tempo, está o número de agências do Bradesco (mais de 3 mil e 11 mil postos de atendimento) e o próprio nome do banco. Além disso, a instituição procurou adotar alguns instrumentos para facilitar a vida do consorciado. Entre eles, a possibilidade de dar o lance pela internet ou por telefone. Segundo Barbuto, os lances pela internet já representam 40% do total de lances. O Bradesco também é o líder no segmento de imóveis, à frente da Caixa Econômica Federal. O número de cotas cresceu 146% em 2004. O projeto para 2005, de acordo com Barbuto, é aumentar a participação no segmento de caminhões, dominado pela administradora da Scania e pela Randon. A meta é crescer, no consolidado, 40% este ano. Em 2004, o faturamento da Bradesco Consórcios ficou em R$ 4,3 bilhões, alta de 89,2% em relação a 2003. Uma das maiores apostas da Abac é no segmento de imóveis. Em 2004, as vendas de novas cotas de consórcios de imóveis subiram 13%, para 129,5 mil. Aqui, novamente, a explicação para a melhora é a maior facilidade: não há juros, o parcelamento é integral e não precisa de adiantamentos, como é comum quando se financia um imóvel. Em tempos de crescimento no setor, o índice de inadimplência também aumentou. A taxa passou de 8,10% em dezembro de 2003 para 8,36% em dezembro de 2004, segundo o BC. A taxa de pendência, que indica que uma pessoa foi contemplada mas ainda não recebeu o bem (por algum atraso da administradora ou por problemas burocráticos, como no caso dos imóveis), também subiu, passando de 116,17% para 143,98% no período.